A Capelinha de 1772 – Wilson Bezerra de Moura

Tudo começou quando o Capitão Mor Antônio de Souza Machado, proprietário de grande faixa de terra na ribeira de Mossoró, com exploração agrícola e criação de gado, resolveu atender ao pedido da sua esposa e concordou com a construção de uma capela no ano de 1772, tomadas providências de pedir permissão ao bispo pernambucano, configurando, daí por diante a fundação da povoação de Mossoró, em plena margem do Rio Apodi Mossoró, naturalmente para garantir a sobrevivência de habitantes com a plantação e criação de animais. Aliás, em qualquer região onde se firma habitação é sempre perto de água, para garantir a fixação de um povoado, já que não existia naqueles idos poço profundo, só cacimba extraindo a água na própria margem de um Rio ou outra fonte.

Então sobre a construção da capela do povoado mossoroense em 1772, levantou uma questão sobre o povoamento do trecho do Rio do Carmo, onde ali estiveram alguns Carmelitas, segundo registra a história, quando em 1701 os frades carmelitas percorreram o chão do Rio do Carmo.

É que, segundo depoimentos do Frei Bartolomeu Tito, da Ordem Carmelita, professor da Universidade Federal de Pernambuco, com doutorado em Antropologia Cultural e Social, tudo teve início quando o Governador da Província do Ceará, contando com a aprovação do Governador Geral  da Província de Pernambuco, destinou como doação à Ordem dos Frades Carmelitas uma faixa de terra na região do Rio do Carmo, no Estado do Rio Grande do Norte, onde eles poderiam se fixar e construir nessa região uma povoação, o que não o fizeram. Embora antes mesmo da construção da Capela de Santa Luzia terem habitado aquela região do Carmo, perderam a primazia, porquanto nada prosperou, apenas uma pequena casa residencial e um projeto de capela ao seu redor, deixaram marcas dos Carmelitas.

O próprio Frei Tito deixou bem claro não ter conhecimento do trabalho de evangelização dos índios da região do Rio do Carmo pelos Carmelitas. O que consta como certo na história é que a Capela de Santa Luzia, fundada em 1772, os Frades Carmelitas casavam e batizavam ali, por sinal o primeiro casamento foi realizado pelo ano de 1778, na mesma capela, pelo Frei Antônio da Conceição.

Quando frei Bartolomeu Tito esteve em Mossoró, foi até o Rio do Carmo, visitou os escombros da casa residencial dos Carmelitas, o local em que os frades pretendiam fundar uma capela já nesse recente período, depois de 300 anos.

Frei Bartolomeu Tito celebrou uma missa no local onde deveria ter sido fundada a capela na comunidade de Melancias e Barrinha dos Duarte. Por não ter prosperado a ideia, lógico que a capela de Santa Luzia ganhou prosperidade em sua marca histórica.