Laire Rosado, Flávio Bolsonaro candidato a presidente da República

 

Em 2018, Lula foi imobilizado politicamente por uma decisão judicial que resultou em sua prisão e, consequentemente, em sua inelegibilidade pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sob a égide da Lei da Ficha Limpa.

A imobilização de Lula abriu um vácuo eleitoral decisivo, permitindo a ascensão não apenas de Jair Bolsonaro, mas, também, do juiz Sérgio Moro. A narrativa anticorrupção, amplamente divulgada e aceita por grande parte do eleitorado, foi o principal motor daquele pleito.

Como reflexo imediato, Bolsonaro é eleito presidente da República e o juiz Sérgio Moro é nomeado ministro da Justiça do seu governo, uma atitude antiética sem precedentes. De imediato, o próprio juiz Sérgio Moro não deveria aceitar essa nomeação.

O que o bolsonarismo não previa era a anulação dos processos contra Lula pelo STF, mudando drasticamente a situação. Com a recuperação de direitos políticos, Lula foi reeleito presidente da República pela terceira vez, derrotando ninguém menos que Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, e forte candidato a um quarto mandato presidencial.

Considera-se que o papel principal do juiz Sérgio Moro era imobilizar Lula politicamente, diferente do cenário atual (pós-2021), onde o ministro Alexandre de Moraes, do STF e ex-Presidente do TSE, tem se destacado por exercer um papel central na contenção de ameaças à ordem democrática e eleitoral, muitas vezes direcionadas à própria oposição de Lula (o bolsonarismo.

Moro atuou como um agente de ruptura (legítima ou não, a depender da análise de cada um) que impediu a participação de um candidato extremamente competitivo.  O ministro Moraes, por sua vez, atua como um agente de estabilização e garantia da ordem eleitoral, o que permitiu o retorno de Lula e, posteriormente, a inelegibilidade do próprio Jair Bolsonaro por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

Com direitos políticos suspensos e sem liberdade total de locomoção, o ex-presidente Bolsonaro ficou assistindo à dissociação não apenas da direita brasileira, mas da sua própria família, onde quatro filhos são detentores de mandatos eletivos. Na tentativa de estancar esse processo, anunciou o nome de seu filho, senador Flávio Bolsonaro, como o candidato oficial a presidente da República.

Na verdade, a direita brasileira se encontra no dilema de escolher entre a fidelidade ideológica ao clã Bolsonaro, com pouca chance de vitória, e a pragmática política de lançar um candidato mais forte, o que enfraqueceria o controle da família sobre o movimento.

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