Trump sobe o tom contra a China e ameaça elevar tarifas contra o país por controle de terras raras

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, subiu o tom contra a China nesta sexta-feira (10). Ele acusou o país de controlar a exportação de elementos ligados às terras raras, ameaçou aumentar tarifas e afirmou não ver mais motivo para se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping.

 

Os dois líderes teriam um encontro previsto para o fim do mês, nos bastidores da Cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), na Coreia do Sul. Segundo Trump, “agora não há motivo algum” para que a reunião ocorra. Pequim não havia confirmado publicamente o encontro.

Em uma publicação na Truth Social, o republicano afirmou que os EUA estão avaliando um “aumento massivo” nas tarifas de importação sobre produtos chineses e que outras medidas retaliatórias estão em estudo.

 

“Uma das políticas que estamos calculando neste momento é um aumento massivo nas tarifas sobre produtos chineses que entram nos Estados Unidos. Há muitas outras medidas de retaliação que também estão sendo seriamente consideradas”, escreveu o presidente.

A medida pode reativar uma guerra comercial de retaliações mútuas que Washington e Pequim haviam pausado após uma extensa rodada de negociações diplomáticas no início do ano.

Em sua postagem, Trump também afirmou que a China tem enviado cartas a países de todo o mundo, anunciando planos de impor controles de exportação sobre todos os elementos usados na produção de terras raras.

 

🔎 As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos encontrados em abundância em vários países. A maioria desses minerais está concentrada em dois pontos: na China e no Brasil. São imprescindíveis para a indústria e estão presentes em tecnologias de ponta, como chips para celulares e computadores.

“Ninguém jamais viu algo assim; essencialmente, isso ‘congestionaria’ os mercados e tornaria a vida difícil para praticamente todos os países do mundo — especialmente para a própria China”, afirmou o republicano.

 

“Mas os EUA também têm posições monopolistas, muito mais fortes e abrangentes do que as da China. Eu simplesmente não escolhi usá-las antes porque nunca houve motivo para isso — ATÉ AGORA!”, acrescentou.

Impacto nos mercados

O ataque inesperado de Trump teve impacto imediato sobre os mercados norte-americanos, com o índice de referência S&P 500 caindo 2% após sua publicação nas redes sociais.

 

As declarações levaram investidores a buscar refúgio em títulos do Tesouro dos EUA, o que fez os rendimentos desses papéis caírem, além de impulsionar o preço do ouro. O dólar americano enfraqueceu em relação a uma cesta de moedas estrangeiras.

A Casa Branca e a embaixada chinesa em Washington não se posicionaram sobre o assunto até a última atualização desta reportagem.

 

Um porta-voz do representante de Comércio dos EUA não quis comentar, enquanto um porta-voz do Tesouro americano não respondeu imediatamente aos pedidos de comentário da agência Reuters. Esses dois órgãos lideram as negociações comerciais com Pequim.

 

Controle chinês

A China anunciou na quinta-feira (9) a inclusão de cinco novos elementos à lista de controle de exportações, além de aumentar a vigilância sobre usuários de semicondutores e incluir dezenas de tecnologias de refino na lista de restrições.

 

O governo chinês também passou a exigir que produtores estrangeiros de terras raras que utilizem materiais chineses cumpram as regras do país.

 

A China produz mais de 90% das terras raras processadas e dos ímãs de terras raras no mundo.

 

Veja a íntegra da publicação de Trump:

 

Coisas muito estranhas estão acontecendo na China! Eles estão se tornando bastante hostis e enviando cartas para países ao redor do mundo, afirmando que querem impor controles de exportação sobre todos os elementos de produção relacionados às terras raras — e praticamente qualquer outra coisa que possam imaginar, mesmo que não seja fabricada na China. Ninguém jamais viu algo assim; essencialmente, isso “congestionaria” os mercados e tornaria a vida difícil para praticamente todos os países do mundo — especialmente para a própria China.

Fomos contatados por outros países que estão extremamente irritados com essa grande hostilidade comercial, que surgiu do nada. Nosso relacionamento com a China nos últimos seis meses tem sido muito bom, o que torna essa mudança comercial ainda mais surpreendente. Sempre senti que eles estavam apenas esperando o momento certo — e agora, como de costume, fui provado certo!

 

Não há como permitir que a China mantenha o mundo “cativo”, mas parece que esse tem sido o plano deles há algum tempo, começando com os “ímãs” e outros elementos que acumularam silenciosamente até alcançar uma posição quase monopolista — um movimento bastante sinistro e hostil, para dizer o mínimo. Mas os EUA também têm posições monopolistas, muito mais fortes e abrangentes do que as da China. Eu simplesmente não escolhi usá-las antes porque nunca houve motivo para isso — ATÉ AGORA!

 

A carta que eles enviaram tem várias páginas e detalha, com grande especificidade, cada elemento que pretendem reter de outras nações. Coisas que antes eram rotineiras agora deixaram de ser. Não falei com o Presidente Xi porque não havia razão para fazê-lo. Isso foi uma verdadeira surpresa, não apenas para mim, mas para todos os líderes do Mundo Livre. Eu deveria me encontrar com o Presidente Xi em duas semanas, na APEC, na Coreia do Sul, mas agora parece não haver motivo algum para isso.

Deixe um comentário