Manifestantes protestam contra visita de Trump à Escócia, marcada por golfe e negociações comerciais

“Não é bem-vindo": centenas de pessoas protestaram neste sábado (26) em Edimburgo e Aberdeen, na Escócia, contra a visita de Donald Trump – que, ao mesmo tempo, praticava golfe em seu campo particular em Turnberry, sob um forte esquema de segurança. No fim do dia, o presidente americano anunciou ter obtido avanços para um cessar-fogo entre a Tailândia e o Camboja, em confronto desde quinta-feira (24).

Acompanhado de seu filho Eric e do embaixador dos Estados Unidos no Reino Unido, deu suas primeiras tacadas de golfe pela manhã, no resort de luxo da empresa familiar dele. A chegada do presidente americano, na noite da véspera, transformou a região pitoresca e tranquila de Turnberry, no sudoeste da Escócia, em uma verdadeira fortaleza, com estradas fechadas e inúmeros postos de controle policial.

Donald Trump tem reiterado sua admiração pelo país, onde sua mãe nasceu e foi criada. Mas suas políticas e os investimentos locais de seu grupo familiar geraram polêmica. A viagem, que combina lazer, negociações comerciais com a União Europeia e diplomacia, dividiu os habitantes.

O grupo “Coalizão Stop Trump” havia convocado protestos contra a visita. Centenas de pessoas se reuniram em frente ao consulado dos Estados Unidos em Edimburgo, capital da Escócia, e na cidade de Aberdeen, o centro econômico do nordeste do país. Donald Trump possui um segundo resort de golfe na cidade, que ele também deve visitar durante a estadia de dois dias.

Alguns participantes seguravam cartazes dizendo “A Escócia odeia Trump”. Outros agitavam bandeiras palestinas.

Em Aberdeen, um homem segurou um cartaz com o rosto do presidente americano vermelho com chifres de diabo, de acordo com imagens filmadas pela AFP. “Ele não só não é bem-vindo aqui, como tudo o que suas políticas representam também não é bem-vindo”, disse Maggie Chapman, deputada do Partido Verde Escocês em Aberdeen. “Ele é sexista, misógino (…) e tudo o que lhe importa é seu próprio ganho pessoal”, denunciou ela, acusando o resort de Trump – onde um segundo campo de golfe será inaugurado nos próximos meses –, de ter levado à destruição de um patrimônio natural regional.

“Estou aqui por causa do genocídio em Gaza, financiado e viabilizado pelos governos britânico e americano”, protestou Amy Hanlon, 44 anos, que trabalha com marketing online.

A visita do presidente americano desencadeou uma grande operação de segurança, para a qual a polícia escocesa obteve reforços de outras agências de segurança em todo o país.

Na sexta-feira à noite, dezenas de apoiadores do presidente americano o esperaram no Aeroporto de Prestwick, a sudoeste de Glasgow, na tentativa de vê-lo. “A melhor coisa sobre Trump é que ele não é um político. (…) Acho que ele defende os interesses de seu país acima de tudo”, disse Lee McLean, 46, da cidade vizinha de Kilmarnock, à AFP.

Mediação entre Tailândia e Camboja

Horas depois da partida de golfe, o presidente americano disse em sua rede social Truth que estava em negociações com os líderes de Camboja e da Tailândia para chegar a um cessar-fogo entre os dois países, que estão em desacordo há semanas, devido a uma disputa de fronteira.

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, participou de partida de golfe na manhã deste sábado em Turnberry, em seu resort na Escócia. (26/07/2025)
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, participou de partida de golfe na manhã deste sábado em Turnberry, em seu resort na Escócia. (26/07/2025) AP – Alastair Grant

Em uma série de mensagens, Trump informou que havia conversado com os líderes dos dois países asiáticos e eles concordaram em se reunir imediatamente para trabalhar em direção ao fim das hostilidades, após três dias de confrontos que já deixaram pelo menos 33 mortos. Tailândia e Camboja acusam-se mutuamente de agressão e pedem negociações.

“Eles concordaram em se reunir imediatamente e chegar rapidamente a um acordo de cessar-fogo”, escreveu o presidente dos Estados Unidos. Donald Trump indicou que as duas “conversas foram muito boas” e disse ter esperança de que os dois vizinhos se deem bem por muitos anos.

Mais cedo, ele já havia anunciado que estava conversando com os líderes do Camboja e da Tailândia, enfatizando que ambos os lados queriam um “cessar-fogo imediato e PAZ”. Uma longa disputa de fronteira entre os dois países se transformou na quinta-feira em confrontos envolvendo aviões de guerra, tanques, tropas terrestres e artilharia.

O número de mortos supera o da série anterior de grandes confrontos fronteiriços entre os dois países, que deixou 28 mortos entre 2008 e 2011. Esse nível de violência não era visto desde 2011, levando o Conselho de Segurança da ONU a convocar uma reunião de emergência.

Pauta comercial com a UE e Reino Unido

No domingo, Trump deve se reunir com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para discutir o acordo comercial que a União Europeia espera concluir com os Estados Unidos para evitar a disparada das tarifas de importação entre os dois, maiores parceiros comerciais do planeta. As chances são de “50-50”, antecipou ele na sexta-feira.

A muitos dos parceiros comerciais dos Estados Unidos, ele impôs o prazo de 1º de agosto para chegarem a um acordo que evitaria tarifas elevadas, algumas das quais já estão sendo impostas. A Casa Branca não deu detalhes sobre a reunião ou os termos do acordo que parece estar emergindo.

Na quinta-feira, a Comissão Europeia afirmou que uma solução comercial negociada com os Estados Unidos estava próxima. De acordo com diplomatas europeus, um possível acordo entre Washington e Bruxelas provavelmente incluiria tarifas de 15% sobre produtos europeus importados para os Estados Unidos, semelhantes às entre os Estados Unidos e o Japão, além de tarifas de 50% sobre aço e alumínio europeus.

Uma taxa global de 15% seria metade da tarifa de 30% que Donald Trump ameaçou impor aos produtos da UE a partir de 1º de agosto. Não está claro se Washington concordará em isentar a UE de tarifas setoriais sobre automóveis, produtos farmacêuticos e outros bens que já foram anunciadas ou estão pendentes.

Combinando bens, serviços e investimentos, a UE e os Estados Unidos são, de longe, os maiores parceiros comerciais do mundo. A Câmara de Comércio Americana em Bruxelas alertou em março que qualquer conflito colocaria em risco a relação comercial de US$ 9,5 trilhões.

O presidente americano também deve se encontrar com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, na segunda-feira. Em seu voo, o republicano disse que a visita seria um momento de “celebração” no comércio, após o acordo firmado em junho com o Reino Unido, que prevê tarifas reduzidas para produtos britânicos. O líder britânico, entretanto, ainda espera garantir tarifas reduzidas sobre aço e alumínio a longo prazo.

Recentemente, o presidente afirmou que estava “ansioso” para concluir “acordos comerciais com ambas as partes!”.

Ao chegar, Donald Trump também abordou a imigração na Europa, pedindo aos países europeus que “se unam” e “ponham fim a essa invasão horrível”.

Com informações da AFP e Reutersr RFI

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