LAÍRE ROSADO: Basta de Intermediários, Trump para presidente

Charge de Vitor Teixeira usada por professor de ensino médio em Campos/RJ que provocou seu afastamento por ordem direta do governador Witzel.

O golpe militar de 1964 teve o apoio explícito do presidente norte-americano, John Fitzgerald Kennedy. A documentação que comprova essa intervenção encontra-se no John F. Kennedy Library and Museum, em Boston, Massachussets, com a etiqueta de “ultrassecreta”. Outros documentos sobre o assunto estão no National Security Archives, da The George Washington University, com liberação ocorrida em 1975. Para articular o golpe que depôs o então presidente João Belchior Goulart, nomeou Abraham Lincoln Gordon.

A ação do embaixador Gordon foi tão eficiente que, logo após o golpe militar de 1964, a frase “Chega de intermediários. Lincoln Gordon para presidente” sintetizava o apoio explícito dos EUA ao golpe e o caráter subserviente da ditadura que se instaurava no Brasil por 21 anos. O Brasil parecia mesmo o quintal dos EUA.  Nesses primeiros anos do regime militar, nada era feito no Brasil sem a interferência do governo americano. O Brasil parecia mesmo o quintal dos EUA. Pouco tempo depois, o embaixador Gordon declarou-se decepcionado com o rumo dado pelos militares que quebraram o compromisso de um período curto de governo e que não se tornassem no terror ditatorial durante 21 anos.

Sessenta anos depois, o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua família, com incentivo de aliados “de raiz”, acreditam ser possível a repetição do protagonismo americano na política brasileira. Foi assim que o deputado federal Eduardo Bolsonaro praticamente abdicou do seu mandato, no Brasil e fixou residência nos Estados Unidos, com o objetivo de conseguir que o governo Donald Trump intervenha no Supremo Tribunal Federal e puna alguns ministros, sobretudo Alexandre de Moraes.

O deputado federal Bolsonaro afirmou, em nota oficial, que considera o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil uma ação “legítima”. Trump atrelou a medida a uma retaliação pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, no STF. O presidente americano exige anistia para o presidente brasileiro.

Entusiasmado com o tarifaço, que admite ter sido o atendimento do presidente Trump aos seus argumentos, o deputado Bolsonaro, que em pouco tempo, acredita-se, terá o seu mandato cassado, exagerou e ameaçou os presidentes da Câmara Hugo Motta e do Senado, Davi Alcolumbre de sanções por parte do governo dos Estados Unidos, caso não incluam na pauta de votações os projetos de anistia e os pedidos de impeachment de ministros do STF.

Está muito claro que o clã Bolsonaro acredita poder repetir os anos sessenta, com o governo dos Estados Unidos interferindo diretamente no Brasil. Seria o caso de lembrar os tempos do embaixador Abraham Lincoln Gordon e afirmar, chega de intermediários. Donald Trump para presidente do Brasil!

Felizmente, hoje, isso é totalmente inadmissível.

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