Por que tanta gente comemorou a revogação do visto de Moraes por Trump?
Quase metade da população — 47% — disse apoiar a revogação do visto de entrada nos Estados Unidos do ministro Alexandre de Moraes, segundo levantamento recente. A pergunta que fica é: por quê?
A resposta está menos nos fatos e mais nos símbolos.
Alexandre de Moraes virou, para uma parcela significativa da sociedade, o rosto do Supremo que combateu a desinformação, puniu quem atacou a democracia e enfrentou a extrema direita. Para os que se sentem derrotados ou perseguidos por essas decisões, ele se tornou o “inimigo número um”.
Quando surge a notícia de que Donald Trump teria mandado revogar seu visto, mesmo sem confirmação oficial, essa parte da população reage como se fosse um troco. Um gesto simbólico de justiça internacional, feito por alguém que eles consideram aliado — o ex-presidente norte-americano que foi, inclusive, inspiração direta para o bolsonarismo.
Mas não para por aí. O apoio à medida também revela a desconfiança generalizada nas instituições, a força das narrativas nas redes sociais e a facilidade com que a desinformação se espalha. Nas bolhas digitais, bastou uma manchete mal explicada para reforçar uma convicção já pronta. Não importa se é verdade ou não: se confirma a crença, vale.
Esse episódio mostra o tamanho da polarização que vivemos. E nos alerta sobre como figuras públicas deixaram de ser apenas autoridades e passaram a ser alvos ou heróis de um jogo político que atropela a verdade e enfraquece o debate.
Mais do que discutir o visto, talvez fosse hora de discutir o quanto nos afastamos do centro e do diálogo. E o quanto ainda temos a reconstruir.
Por Joyce Moura
@joyvemourarealize