Vaticano: Papa condena violência contra mulheres, que se estende a congregações religiosas

Francisco reconhece existência de casos de abusos de consagradas e fala em compromisso para travar exploração feminina

O Papa condenou ontem (05), o feminicídio e a exploração das mulheres, admitindo que houve casos de abusos de religiosas, dentro da Igreja Católica que merecem ser punidos.

“É verdade, é um problema. O maus-tratos das mulheres são um problema. Atrevo-me a dizer que a humanidade ainda não amadureceu, a mulher é considerada como de “segunda classe”. Vamos começar daqui: é um problema cultural. Depois chega-se até ao feminicídio”, disse, em conferência de imprensa, no voo entre Abu Dhabi e Roma.

Francisco foi questionado sobre denuncias de abuso sexual de mulheres consagradas na Igreja, por parte do clero.

“Houve sacerdotes e até bispos que fizeram isso. E eu penso que ainda acontece: não é a partir do momento em que nos apercebemos da situação que ela acaba, a coisa continua”, ressaltou.

O Papa observou que casos dessa natureza só começaram a ser vistos com atenção pela Santa Sé, há pouco tempo.

Suspendemos alguns clérigos, mandamos embora outros e também – não sei se o processo acabou – dissolvemos algumas congregações religiosas femininas que estavam muito ligadas a esse fenómeno, uma corrupção. Deve ser feito algo mais? Sim. Temos essa vontade? Sim. Mas é um caminho longo a ser percorrido.

Francisco lembrou a “coragem” do seu predecessor, Bento XVI, neste campo, assinalando que enquanto cardeal e Papa, Joseph Ratzinger encontrou oposição interna no próprio Vaticano.

O Vaticano recebe, de 21 a 24 de fevereiro, a cúpula dos presidentes de conferências episcopais de todo o mundo, para debater os temas da proteção de menores e dos abusos sexuais.