Vanda Jacinto – Soltando as amarras
Vanda Jacinto – Pedagoga
A adolescência é uma etapa da vida, que sempre recebeu uma certa atenção por parte dos adultos responsáveis. Geralmente, os pais. A quem afirme até, que ela representa um segundo parto na vida do indivíduo, tantas são as mudanças e novidades ocorridas nesse período. A começar pelas transformações físicas, passaporte para a vida adulta, onde tudo parece ganhar uma nova conotação.
Nessa fase, a vida se apresenta uma nova roupagem, as brincadeiras vão ficando para trás, aliás, às vezes até esquecidas, pois tudo fica mais sério. Na verdade, é inculcado no jovem, um novo sentido de vida, seja pessoal ou profissional, principalmente no profissional, que passa a ser uma das temáticas existenciais dali para frente, cuja direção será obtida através de escolhas, seleções e muitas vezes por imposições dos genitores. Diria até, que mais por imposições, do que por outro meio, pois a vida em sociedade nos cobra e nos molda aos seus modos.
Houve época em que a principal preocupação dos pais, em relação aos filhos jovens, resumia-se em prepará-los para o casamento. Perpetuar a espécie valorizando o nome da família ou até mesmo voltado para o financeiro, contribuindo com a manutenção ou acréscimo dos bens materiais.
Requisitos exigidos por ambas as famílias. Assim sendo, a orientação e condução para um bom casamento se fazia necessário. Tanto para o filho rapaz, quanto para a filha moça.
Com a continuação dos tempos e as mudanças de valores, novos parâmetros foram sendo delineados, embora o foco ainda permanecesse, ou seja, a preparação para o casamento, o encaminhamento do filho para uma profissão capaz de prover o sustento de uma família, assim como tornar a filha uma moça prendada nos afazeres domésticos, passou a ser uma prioridade e fazia parte do pacote vigente.
Desta feita desde muito pequenos, já recebiam orientações neste sentido, não apenas no seio familiar, mas de todos os segmentos sociais. Os filhos homens, comumente seguiam a profissão do pai e as meninas, aprendiam todas as prendas domésticas da sua genitora.
Tempos bons esses em que as preocupações dos pais se resumiam em preparar os filhos para a formação de novos núcleos familiares.
Nos dias atuais, as preocupações continuam é claro, embora os focos sejam bem diferentes dos anteriores. Orientar o futuro dos filhos hoje, ainda é uma solução para favorecer uma melhor postura dos mesmos diante da vida, no entanto, compreende uma tarefa árdua, pois os descaminhos sociais são inúmeros e alguns até prazerosos, dificultando manter o foco no essencial.
Por mais que os pais queiram repassar os seus valores, valores estes aprendidos e experienciados durante a sua existência, nem sempre são aproveitados pelos filhos.
Muitos, até projetam com uma certa ênfase para os seus rebentos, desejos antigos, que por alguma razão, não se tornaram reais.
Sempre pautados na ideia de que querer o melhor para os mesmos, seguem eles ditando conselhos às vezes até descabidos para o contexto vigente.
Os jovens de hoje, diferentes de antigamente, não aceitam receitas e situações prontas, eles preferem vivenciá-las conforme vão acontecendo, sem prévias, sem proteções. De um certo modo, eles estão certos. Querem trilhar o próprio caminho e dele tirar as suas conclusões de vida.
Não há como negar a importância do acompanhamento familiar na educação dos jovens. Não se pode deixá-los a deriva. Quem sabe, se apararmos uma de suas asas para mantê-lo por perto seja a solução? Quem sabe?
Necessário se faz frisar que, soltar as amarras é importante, mas vale salientar que: “cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém”, portanto, sigamos com os nossos conselhos, pois com certeza algo de bom, sempre será acrescentado na educação dos nossos jovens!