Uma capela nascida de um sonho – Wilson Bezerra de Moura
É tentador folhear as páginas da história, porque nos deparamos com resgates e revelações importantes que nos levam a um passado construído com dedicação de quantos tiveram amor por um ideal.
Mossoró de ontem e de hoje é diferente em quase tudo, em extensão territorial e populacional. Tudo quanto a história nos legou partiu de um princípio sobre o qual aflorou um futuro promissor.
O inicio de Mossoró, por exemplo, partiu praticamente de um sonho de dona Rosa Fernandes, esposa do português Antônio de Souza Machado, capitão mor na localidade, que nessa região ribeirinha do Rio Mossoró-Apody, mantinha uma fazenda de gado bastante avultada e exploração agrícola bastante efetiva, além de criação de outros animais. Era considerado um bem-sucedido empreendedor naquela época.
Atendendo ao pedido de dona Rosa, sua mulher, concedeu uma faixa de terra na dita fazenda para ela construir, embora com sua própria ajuda e financiamento, uma capela que viria mais tarde se tornar uma igreja, como primeiro passo de uma pequena aldeia populacional. De certo a edificação da capela, que foi, sem dúvida, abertura de dois acontecimentos significativos: o início da freguesia de Mossoró, que posteriormente se elevou a cidade, e inicio da Diocese de Mossoró, em 1934, considerada a peça inicial da vida sacerdotal da região.
Isto aconteceu, foram dados pioneiros passados ao redor da capela em 1772, embora sua construção tenha sido autorizada em 1774, a carta provisão institucional concedida pela Vila de Aracati, no Ceará, quando tudo ficou consolidado e as primeiras atividades passaram a ser efetivadas.
A capelinha, que passou a se chamar de Santa Luzia, marcou sua existência quando do primeiro batizado, no dia 25 de janeiro de 1773, da menina que recebeu o nome de Maria, filha do coronel Miguel Soares de Lucena e de Páscoa Maria da Encarnação, neta do alferes Miguel Nogueira de Lucena, agricultor e criador de gado, bem sucedido da região, tronco da família da região do Apodi.
Dados arquivo Raibrito.
Outro ato logo se realizou na Capela de Santa Luiza, o casamento dos nubentes Gregório da Rocha Marques Filho e Francisca Nunes de Jesus, quando serviram de testemunhas o coronel regente Francisco Souto e Antônio Francisco da Silva, e o ato solene de celebração coube ao frade Antônio da Conceição, que pertencia à Ordem Carmelita do Recife, aqui vindo à época com o fim de catequizar a região a mando do Convento dos Carmelitas.
O andarilho sacerdote dos Carmelitas, percorrendo léguas e mais léguas em seu jumentinho, terminou seus dias de vida em Mossoró, isto é, na região da ribeira do Rio do Carmo. Seu sepultamento se deu na mesma capelinha de Santa Luzia.
Afinal tudo se concretizou com a criação da Freguesia, elevando à categoria de Matriz a capelinha de Santa Luiza pela Resolução 87, de 07 de outubro de 1842, segundo palavras do conceituado e saudoso Câmara Cascudo.