Twitter, Facebook e Instagram apagam publicações de Bolsonaro: “Dano real às pessoas”
Cada vez mais distante do Congresso, da imprensa, e de lideranças políticas do Brasil e do mundo, no mundo real, agora Jair Bolsonaro (sem partido) foi rejeitado também nas redes sociais. O presidente brasileiro viu o Twitter, o Facebook e o Instagram apagarem vídeos de sua conta oficial que o mostravam passeando pelas ruas de Brasília, em meio à pandemia do coronavírus.
As empresas entendem que as publicações do presidente causam “desinformação” e provocam “danos reais às pessoas”. Os passeios de Bolsonaro ferem as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Ministério da Saúde e de infectologistas, epidemiologistas e médicos do mundo inteiro, que seguem recomendando o isolamento da população para frear a curva de crescimento do coronavírus.
Na contramão dos governantes do mundo, Bolsonaro tem insistido com o “isolamento vertical”, que, segundo o presidente, significa restringir o acesso às ruas somente do grupo de risco, composto por idosos e doentes crônicos. A ideia do presidente foi condenada, inclusive, por Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde.
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Em nota, o Twitter afirmou que “as publicações do presidente foram apagadas pois ferem regras recentes da empresa, que não permitem conteúdos que forem eventualmente contra informações de saúde pública orientadas por fontes oficiais e possam colocar as pessoas em maior risco de transmitir Covid-19.”
Nos vídeos, Bolsonaro aparece circulando nos comércios de Taguatinga e Sobradinho, interagindo com a população local e recomendando que se utiliza, em caso de contaminação por coronavírus, a hidroxicloroquina, medicamento que ainda está em fase de testes e que não teve sua eficácia, no combate ao vírus, comprovada.
Isolamento
Por enquanto, o “isolamento vertical” desejado por Bolsonaro não foi determinado nem pelo seu governo. Em coletiva na tarde desta segunda-feira (30), Mandetta afirmou que “o Ministério da Saúde mantém seu posicionamento sempre científico e técnico” e afirmou que a população deve se manter em casa.
A contenda entre Bolsonaro e Mandetta se tornou um problema para o governo. Na última sexta-feira (27), o ministro ironizou empresários que apoiam o presidente e as manifestações chamadas para pedir o fim do isolamento no país.
Edição: Rodrigo Chagas
Brasil de Fato