Turbulências e eleições
A semana começou mal para o presidente da Câmara dos Deputados. Em votação apertada, 10 X 10, com voto de desempate contra, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar decidiu dar continuidade ao processo contra Eduardo Cunha. Foram 120 dias de obstruções, discussões sobre o regimento e, para conseguir finalizar o processo, o relator concordou em modificar seu parecer. Foi retirado a denúncia sobre suposto recebimento de vantagens indevidas por parte de Cunha, caracterizando crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. No final da tarde de ontem, o STF acatou parcialmente denúncia que Eduardo Cunha teria recebido vantagens indevidas nos anos de 2011 e 2012. Com essa decisão, o presidente da Câmara passou à condição de réu e aumentará a pressão para afastá-lo do cargo.
Como se nada estivesse acontecendo, o deputado Cunha anunciou que as votações na Câmara terão seu prosseguimento normal, iniciando com a votação da Medida Provisória 694/15, editada pelo governo para elevar a arrecadação. Pediu pressa na aprovação das novas regras do pré-sal e de reformas da Previdência e Tributária. Assegurou que as votações não serão influenciadas diante das crises econômicas ou políticas. Por outro lado, a presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer se articulam para evitar a perda dos seus mandatos pelo Tribunal Superior Eleitoral. O ex-presidente Lula trabalha para evitar depoimentos que possam lhe criar dificuldades na área judicial.
Para não fugir à regra, a Assembleia Legislativa enfrenta verdadeira turbulência. Em agosto, o ministério público iniciou investigação sobre desvio de recursos públicos. Segundo o MP. Os recursos eram desviados por meio de “cheques salários”. Na semana passada foi a vez do Tribunal de Contas do Estado que apontou a existência de 296 servidores acumulando cargos com outros órgãos públicos. E mais, a existência de oito servidores efetivos e em atividade com idade superior a 70 anos e que teriam que ser aposentados compulsoriamente. Lista de funcionários fantasmas foi divulgada, envolvendo diferentes segmentos da vida potiguar.
Esses fatos não impedem o prosseguimento da atividade política. Em Mossoró, o empresário Sebastião Couro, o Tião da Prestes, assina ficha de filiação partidária no PSDB e anuncia sua disposição em concorrer à prefeitura municipal. As pesquisas atuais mostram a ex-governadora Rosalba como favorita na intenção de votos, mas 70% dos pesquisados não têm candidato. O prefeito Francisco José insiste que disputará à reeleição, pouco importando que sua administração registre elevados índices de reprovação. O professor Josivan Batista mudou de legenda para se habilitar como candidato do prefeito, em um possível plano B. O vice-prefeito Luiz Carlos, do PT, prossegue trabalhando sua candidatura. Há ouros candidatos que estão preferindo observar melhor o desenrolar dos acontecimentos.