Thadeu Brandão – Escolha do vice e o emparedamento do rosalbismo

O quadro político-partidário em Mossoró, para as eleições municipais de 2016, segue com sérias indefinições. Ao olhar distanciado, apenas pormenores. Mas, para os atores que vivenciam e atuam na arena política, são elementos cruciais.

Trata-se, mais do que os próprios atores ousam afirmar publicamente, da escolha dos candidatos à vice-prefeitos (as) que, no Brasil, são figuras chaves devido ao longo histórico de processos de impedimentos, cassações e suspensões de mandatos. Ser vice é sempre ter uma chance considerável de subir ao centro do poder.

A posição de vice também permite deslumbrar que alianças mais sólidas são formadas e quais os bônus (e ônus) podem ser auferidos destas. No caso nacional, um vice do PMDB foi crucial para o apoio legislativo que o PT teve durante os mandatos de Dilma Roussef, por exemplo.

Em Mossoró, a indefinição dos vices está se tornando uma fonte inesgotável de piadas, onde o bom humor, torna-se a tônica diante das querelas políticas travadas nos bastidores e alpendres da Terra da Resistência.

O mais falado até agora é a indefinição e especulação em torno do vice da pré-candidata do PP, a ex-governadora Rosalba Ciarlini. Segundo fontes, o presidente da legenda, Betinho Rosado (ex-deputado federal) bateu o pé e exigiu seu próprio nome como vice. O líder inconteste (e mentor político) do grupo, o ex-deputado Carlos Augusto, não gostou nem um pouco da ideia, segundo outra fonte. Ao mesmo tempo, teria sido o próprio a ventilar a possibilidade no fim de semana passado.

Uma candidatura “puro sangue”, como se diz no jargão profano da política? O que ela representa ao grupo “rosalbista”? Em primeiro lugar, representa muito menos tempo de TV e rádio, o que numa campanha curta, é elemento crucial. Em segundo lugar, representa que a candidatura ganha chances imensas de ser cassada, já que Betinho está inelegível. O que aponta que a sua jogada (ou blefe) seria uma tentativa: a) de emparedar o casal-líder do rosalbismo; b) uma maneira de afastar possíveis concorrentes à chapa federal em 2018, o que pode atrapalhar a reeleição de seu filho à Câmara Federal. Em terceiro lugar, há uma certa “representação política” (fantasiosa em parte) de que Rosalba já estaria com o páreo ganho. Muito parecido com Garibaldi em 2006, que na campanha do “governador de férias” foi derrotado contra a governadora mal-avaliada e em reeleição.

Obviamente, o contexto é diferente. Francisco José Silveira Jr., é um candidato “micarlizado”, ou seja, extremamente desidratado, com altos índices de impopularidade e com gestão tida como desastrosa. Mas, ainda com a “máquina na mão”, e com algum fôlego para marketing e propaganda. Numa eleição de um turno apenas, isso é crucial e pode definir o jogo. O que aponto é improvável, mas não é impossível.

Não é a toa que Silveira (in)tenta de todas as formas viabilizar sua candidatura, mesmo a absoluta ausência de seu aliado-mor Robinson Faria, governador do RN, que foge de Mossoró como o Diabo foge da Cruz.

O casal Cialirni-Rosado joga uma cartada perigosa nesta reta de definição. Eles sabem disso. A escolha certa do vice catapultará ou não a chapa. Afinal, não há campanha vencida antes das eleições. O trajeto é curto, mas é ainda indefinido. Assim como Júlio César às margens do Rubicão, ainda é necessário dizer: Alea jacta est (A sorte está lançada).