Temer presidente
Não é preciso ser expert em política para entender que o PMDB já desembarcou do governo Dilma Rousseff. A reunião do diretório nacional agendada para a próxima terça-feira será a oficialização de uma decisão que tem cada vez mais apoiadores entre os peemedebistas. Há tempos que o relacionamento não é dos melhores. A carta do vice-presidente Michel Temer à presidente Dilma Rousseff externando insatisfação com o tratamento que recebia da aliada pode ter sido a tentativa final, mas não foi compreendida pela presidente nem pela cúpula do PT. Agora é tarde, Inês é morta, e o prestígio da presidente está em queda.
Há anos que o PMDB vem sendo governo, sempre na condição de aliado do presidente da República. Com a crise atual, poderá chegar ao posto máximo, ao menos enquanto o TSE não decidir pela cassação ou não de Dilma e Temer, por conta de abuso do poder econômico nas eleições onde os dois foram reeleitos. A reviravolta começará com o PT sendo jogado à oposição e o PMDB fazendo novas alianças, mantendo algumas das atuais e celebrando outras com partidos ora na oposição. Mesmo que tudo não aconteça na próxima terça-feira, o governo vive a crônica da morte anunciada. O PT continuará com menor força política.
68% dos brasileiros se declaram favoráveis ao impeachment de Dilma. Diariamente, ministros e ex-ministros falam que esse processo não significa golpe de estado, desde que seguindo as normas constitucionais. Enquanto isso, o déficit nas contas públicas atinge os R$100 bilhões. O desemprego atinge 9 milhões de pessoas. No mês passado, foram 160 mil desempregados. Dilma tem afirmado que não renuncia e que tudo não passa de uma tentativa de golpe. Para os que defendem essa tese, o afastamento do ex-presidente Collor de Melo também foi um tremendo golpe de estado. E, por acusações bem menores que as atuais.
O PMDB trabalha para apresentar um plano de governo que convença a população. Tomará por base a ampliação do “Uma Ponte para o Futuro”, apresentado no final do ano passado, com propostas para o crescimento econômico. Estão incluídos no programa o fim de subsídios, revisão de programas sociais, alternativas para tornar o SUS mas eficiente e outras medidas impactantes na área econômica. Pelas informações de bastidores, não é apenas o PMDB quem prepara seu plano de governo. O PT também já discute seu papel como principal opositor de um provável governo Michel Temer.