Tabagismo causa mais de 50 doenças e é responsável por quase metade das mortes por 12 tipos de câncer

Nesta segunda-feira, 29 de agosto, é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, data criada para conscientizar a população sobre os riscos decorrentes do uso do cigarro. O tabagismo é a principal causa da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), doença que causa 40 mil mortes por ano no Brasil, o equivalente a quatro pacientes por hora, segundo dados do Ministério da Saúde.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o consumo de derivados do tabaco, como cigarro, charuto e narguilé, causa quase cinquenta doenças diferentes, principalmente as cardiovasculares (infarto, angina), o câncer e as doenças respiratórias obstrutivas crônicas (enfisema e bronquite).

O tabagismo irrita as vias aéreas e causa a secreção, conhecida como pigarro, que também é um dos sintomas da SPOC, denominação que, que é usada hoje para denominar o que antes chamávamos de bronquite crônica e enfisema pulmonar.

De acordo com a pesquisa nacional Panorama da Saúde Respiratória do Brasileiro, encomendada ao IBOPE Inteligência pela Boehringer Ingelheim do Brasil e realizada com 2.010 pessoas no ano passado, 55% dos entrevistados dizem não saber nada a respeito da DPOC.

A DPOC é uma doença que atinge 7 milhões de pessoas no Brasil e é a 5ª causa de morte no mundo. Além da dificuldade de respirar, outros sintomas são a falta de energia e cansaço progressivo e constante, o que impossibilita uma série de atividades de rotina.

“Muitas pessoas apresentam os sintomas, como falta de ar, tosse frequente e aumento na produção de muco, mas não procuram tratamento, pois acreditam que esses são sinais comuns do envelhecimento e do tabagismo. Esse cenário ocasiona a demora para o paciente se consultar com um médico especialista e geralmente, o diagnóstico só é realizado quando a doença já se encontra em estágio avançado”, comenta o pneumologista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Clystenes Odyr Soares Silva.

O pneumologista explica que, apesar de ser uma doença que não tem cura, existem medicamentos que diminuem a progressão da doença e o comprometimento do funcionamento pulmonar, garantindo uma maior qualidade de vida. Porém, é importante que o diagnóstico seja realizado o quanto antes.

Gilberto Pucca, diagnosticado com DPOC há 15 anos e presidente da Associação Brasileira de Pacientes Portadores de DPOC (ABP-DPOC), reforça a importância da conscientização sobre o tema,

“Eu fumei por mais de 40 anos e sabia que o cigarro fazia mal, mas nunca imaginei que iria desenvolver uma doença crônica e esse é o mesmo caso que vemos em centenas de pacientes que auxiliamos na ABP-DPOC. Trata-se de uma doença que traz grandes impactos e impõe limitações na vida das pessoas, impedindo que elas possam realizar atividades que antes eram parte da rotina, como trocar de roupa, ir ao mercado e até escovar os dentes. Conforme a DPOC evolui, a função pulmonar piora, prejudicando a qualidade de vida do paciente”, pontua.

Outro fator de risco que também contribui para o desenvolvimento da DPOC é a exposição à diversos poluentes. O diagnóstico é realizado por um pneumologista, em um exame que mede a quantidade de ar e a velocidade com a qual ele entra e sai dos pulmões e que apresenta valores alterados quando o paciente apresenta DPOC. Esse exame é chamado de espirometria, também conhecido como “teste do sopro”.

Sobre a DPOC

A OMS projeta que em 2030 a DPOC será a terceira causa de morte no mundo. Atualmente, ela atinge 65 milhões de pessoas em todo o planeta. Apesar disso, um em cada dois brasileiros nunca ouviu falar da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), enfermidade que atinge 7 milhões de pessoas no país e é a 5ª causa de morte no mundo.

Causada principalmente pelo tabagismo, a DPOC leva à dificuldade de respirar e ao cansaço progressivo e constante, impossibilitando uma série de atividades de rotina. A doença custa aos cofres públicos aproximadamente R$ 100 milhões por ano.

Segundo o Iniciativa Global para Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (Gold), um programa mundial que atua com objetivo de sistematizar, padronizar e orientar o diagnóstico e tratamento da DPOC, existem cinco perguntas básicas que ajudam o profissional de saúde a identificar pacientes que podem ter a doença:

  • Possui mais de 40 anos?
  • Fumante ou ex-fumante?
  • Tosse frequente?
  • Expectoração ou “catarro” constante?
  • Cansaço ou dificuldade para respirar, como subir escadas ou caminhar?

O diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento adequado da DPOC. Na última década, a média de gastos com internações por DPOC no país chegou a R$ 100 milhões de reais, o dobro investido nos anos 90 – o que indica a crescente incidência da doença e preocupação com essa questão de saúde pública.