Sulla Mino – Lacrimejo
Meus olhos lacrimejam no singelo desamor que sinto. Ardor, pavor… Meu sagrado momento de dor, meu manto rasgado de desordem mental, meramente preto e branco. Me permito apenas dançar no escuro do velho salão de sonhos, e bailar no verso constante da música sobre amor amarelo.
Ou seria amor azul? E feito uma gota de sentimentos, me derramo no mar de coisas eternas. Mais estou agora no meu momento de tristeza, de me acalentar nos braços desta tempestade, que encosta devagar…
Mais o cais vazio do pensamento ainda me pertence. Mais tenho tentado me agarrar no fio que a vida me empresta, me sentando na varanda dos meus sonhos toda manhã, e saboreando o vento doce que se encosta em meu rosto.
E almejo um pouco de outras poucas coisas em mim, de mais palavras doces no café da manhã, ou desejar lenha na lareira para que a noite se prolongue quando estou com ela, sim…Ela…A saudade.
A saudade que sinto de sermos um. Sou uma dama profana no desenhar do artista que me habita, uma dama que já não se acanha em ajeitar a saia curta que veste nas noites de insônia aguda ou que solta as tranças para esconder o rosto nas madrugadas em que se perde no beco e se agarra as tantas desilusões dementes.
“Fico assim sem você”…Perdida no vai e vem de lembranças bobas. A dor que minha’alma sente, não tem remédio ou cura, é uma dor finda que tem me levado a falência, e todas as divagações, todas minhas causas sublimes e junto o amor. O amor tem sumido de mim, feito um véu que desliza pela nuca, desvirginando o corpo da mulher madura que adormecia em mim, na minha estupidez maldita. Jaz!
Poetisa louca e infeliz. Tanto desprezou o badalar do sino feliz, agora a morte enxuga suas lágrimas doídas, seu lacrimejar minúsculo e tolo. Um cimento macio que te cobria inteira não foi suficiente? Um mero desdém bastou…Simples e arrogante que deu… Agora somente uma desvaria frenética, caindo no calabouço de delícias. E agora o que sou? Um soluço de ideias mornas? Palavras não rimadas ou versos mortos?
Lacrimejos….E lampejos…..Sem beijos, sem sabor, apenas uma palidez que me traça o rosto, uma linha tênue que me lambe da noite e me parte da vida… Da minha morte lenta…