Sucessão deflagrada

Sob o título Pobres Prefeitos Pobres o colunista do jornal O Estado de São Paulo, José Roberto de Toledo, questiona se um prefeito com 55% de avaliação ruim ou péssima, a 10 meses da eleição pode se reeleger.

Ele mesmo dá a resposta, só se não houver oponente. Ou então, caso o eleitor considere que os concorrentes são piores. Referiu-se à prefeitura de São Paulo, mas é possível transferir para Mossoró a sua análise, sobretudo quando o prefeito municipal está com uma avaliação negativa que se aproxima dos 90%.

Nossa cidade respira política. Bastou que suas lideranças políticas guardassem um ano de expectação para que surgissem movimentos paralelos em busca de candidaturas alternativas. A ideia foi reforçada com a forte rejeição à administração atual, embora eleita democraticamente pelos eleitores locais.

Em Mossoró, a última eleição municipal foi caracterizada por uma série de irregularidades eleitorais, sem que houvesse contestação da orientação assumida pela justiça eleitoral.

Em nível nacional, o eleitor não esconde sua insatisfação com Dilma Rousseff. Sua reeleição teve, entre outros fatores, o medo de que o adversário, Aécio Neves, pusesse em prática as medidas que estão sendo adotadas pela presidente.

Nos Estados, via de regra, a situação não é diferente. No Rio Grande do Norte, o governador que avisou que não iria olhar para o retrovisor não resistiu e passou a responsabilizar governos anteriores pelas dificuldades que enfrenta.

Roberto de Toledo considera que o descrédito superou a confiança, e o ceticismo dominou o discurso político de quem não milita de lado nenhum.

Foi assim que surgiu um grupo de empresários mossoroenses pregando uma nova política. É um discurso antigo que sempre se repete e pretende ser novidade.

É fácil culpar políticos por tudo de errado que aconteça, como se eles tivessem surgido ao acaso, como se a ação política pudesse surgir do nada.

Já se fala em Mossoró do surgimento do “Partido dos Patrões”, uma interpretação popular imediata dos que estão à frente dessa mobilização.

Esse primeiro movimento fez com que os militantes políticos entendessem a necessidade de antecipar seus movimentos. Não será possível esperar mais por definições que poderão não ocorrer e aprofundar a análise sobre candidaturas.

Essa comodidade terminou, sob tudo pelo encurtamento do período eleitoral a apenas 45 dias. Agora, todos apresentarão seus projetos para 2016.

As estatísticas mostram que os executivos candidatos à reeleição, por conta da máquina administrativa, iniciam a campanha com mais de 20% de chance.

Sabem que a queda de arrecadação dos Estados e das Prefeituras será um fator de risco eleitoral. Contudo, a possibilidade de reeleição aumenta com a fragmentação das oposições.

Outro aspecto facilitador é que a eleição será decidida em um turno só. Hoje, fala-se algo em torno de oito candidatos à prefeitura de Mossoró. Esse número tende a diminuir à medida que os acordos forem sendo articulados.

Até mesmo o movimento oficializado no meio da semana poderá desidratar, com a saída de empresários que mostram discordância com o rumo assumido. Por isso, em política, tudo é possível.