Sobre o 30 de Setembro

Geraldo Maia do Nascimento.

Em 30 de setembro de 1883 Mossoró declarou-se livre da escravidão, quando por iniciativa da própria população, resolveu não mais ter escravos em terras mossosorenses. Esse fato aconteceu cinco anos antes da famosa Lei Áurea, que libertou os escravos no Brasil.

Foi um dia festivo. A cidade amanheceu com as rus todas engalanadas de folhas de carnaubeiras e bandeiras de papel coloridas. A alegria contagiava todos os lares. Ao meio-dia, a Sociedade Libertadora Mossoroense, entidade que estava à frente daquele grande feito, se reuniu no 1º andar do prédio da Cadeia Pública, onde funcionava a Câmara Municipal. Além dos abolicionistas, grande massa da população se fizeram presentes ao ato.

O Presidente da Sociedade, Joaquim Bezerra da Costa Mendes, sentou-se à mesa que estava ricamente decorada com pedras de cristal e de mármore, tinteiros dourados e azuis e por livros simbólicos, ricamente encadernados, tais como a Bíblia Sagrada, os Lusíadas, e outros. Abriu a sessão falando do motivo daquela assembleia festiva e convidou, para sentar à mesa, ao seu lado direito os Srs. Juiz de Direito e Delegado de Polícia. A esquerda o Presidente da Câmara, o Dr. Juiz Municipal e o Promotor Público. Convidou também para sentar aos lados as diversas comissões das Libertadoras do Ceará, Pará e Pernambuco, do Assú e Vila do Triunfo. Convidou ainda para lugar de destaque todos os membros da Libertadora Mossoroense. Após essas providências, fez um empolgante discurso, declarando Mossoró livre da mancha negra da escravidão, pelo que foi bastante aplaudido. E muitos outros participantes usaram da palavra, inclusive o Pastor Evangélico, Dr. Wardlaw, norte-americano que havia instalado um templo evangélico em Mossoró.  Este acompanhou toda a luta da Libertadora Mossoroense, e naquele dia memorável fez questão de falar, embora com forte sotaque, mas se fez entender. Ele disse que:

“…dava parabéns pelo modo pacífico da libertação; uma vez que, sendo a sua pátria o ninho clássico de todas as liberdades civis, contudo, não se conseguira, sem derramar oceanos de sangue, apagar do solo dos Estados Unidos a nódoa secular da escravidão! ”

Terminados os discursos, a Banda de Música passou a executar algumas músicas do seu repertório. Logo após, o Presidente da Libertadora Mossoroense fez o encerramento e mandou lavrar a Ata da sessão, que foi escrita pelo pernambucano Maurício Olegário do Rego Farias, no impedimento momentâneo do 1º Secretário, ditado pelo Dr. Almino Alvares Afonso, a qual foi assinada por toda a mesa.

Depois da sessão a festa tomou as ruas da cidade.  Eram sete horas da noite e a multidão saiu em desfile, levando à frente o Pavilhão Nacional e a bandeira da Maçonaria. No centro, a flâmula auriverde da Libertadora Mossoroense, em cetim verde, onde estava escrito em letras douradas: “Mossoró Livre – 30 de setembro de 1883”.

Mas nos anos que se seguiram ao grandioso feito, não houve comemorações como acontece hoje em dia aqui em Mossoró, até porque em 1888 todo o Brasil abolia a escravidão. Mas em 13 de setembro de 1913, através da Lei nº 30, do Presidente da Intendência, Francisco Izódio de Souza, foi decretado feriado o dia 30 de setembro, em homenagem a data da libertação dos escravos de Mossoró. A partir dessa data o município de Mossoró passou a comemorar anualmente aquela que consagrou como data magna da cidade, superando até mesmo o 15 de março de 1852, data da sua Emancipação Política.

O 30 de setembro é a grande festa cívica de Mossoró. É bom lembrar que não houve nenhuma lei que determinasse a extinção da escravatura no município, até mesmo porque oficialmente o país era escravocrata. Costumo dizer que foi um grande acordo feito entre a população, claro, com a ajuda da Maçonaria, que determinou esse feito. E por esse motivo é celebrado até os dias atuais.

Para conhecer mais sobre a História de Mossoró visite o blogdogemaia.com.
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