Segunda semana de Cannes inicia com novo filme de Cronenberg, forte candidato à Palma de Ouro

Até agora, dez dos 21 filmes na competição oficial do Festival de Cannes foram exibidos, mas nenhum deles se impõe como um candidato evidente à Palma de Ouro. A segunda semana do evento começa nesta segunda-feira (23) com a exibição de dois novos longas na disputa, entre eles uma das obras mais aguardadas da seleção: “Crimes do Futuro”, do veterano David Cronenberg.

“Crimes do Futuro” é um filme de ficção científica que faz uma espécie de compilação de toda a obra do cineasta canadense e tem uma dimensão autobiográfica. Estrelado por Viggo Mortensen, Kristen Stewart e Léa Seydoux, ele mergulha o espectador em um mundo onde a espécie humana sofre mutações físicas para se adaptar ao meio ambiente cada dia mais artificial.

O cineasta de quase 80 anos (ele nasceu em 1943 e tem mais de 40 títulos entre longas, curtas e produções para a televisão em seu currículo), coloca em cena as performances de um célebre artista que exibe a metamorfose de seus órgãos em espetáculos de vanguarda. A prática é vigiada de perto pelo Escritório de Registro Nacional de Órgãos. O credo de Cronenberg, “o corpo é a realidade”, é mais uma vez citado, revelando mais uma vez as obsessões de cineasta.

“Crimes do Futuro” é um forte candidato à Palma de Ouro, mas será que Cannes 2022 vai repetir a edição do ano passado? Esse é o questionamento de alguns especialistas, em referência ao vencedor do ano passado “Titane”, de Julia Ducournau, discípula de Cronenberg, que trabalha com o mesmo universo.

O cineasta canadense mundialmente conhecido por “A Mosca”, de 1986, recebeu em 1996 o Prêmio Especial do Júri em Cannes com o filme “Crash: Estranhos Prazeres”. Ele voltou a ser selecionado em 2002, com “Spider”, em 2005 com “A History of Violence” (Marcas da Violência), e com “Cosmopolis”, em 2012.

O cineasta canadense David Cronenberg.
O cineasta canadense David Cronenberg. © Caitlin Cronenberg

Coreia do Sul de novo na disputa

No outro longa do dia, a Coreia do Sul volta aos holofotes no festival com “Decision to Leave” (“Decisão de Ir Embora”, tradução livre) do cineasta Park Chan-wook. O longa mistura o gênero policial e o drama para explorar a relação complexa entre um delegado de polícia e a principal suspeita da queda mortal de um homem de uma montanha. A mulher, esposa da vítima, é a culpada ideal.

Suspense garantido do início ao fim nessa nova obra do mestre sul-coreano que cativa o público ao explorar sutilmente a fascinação recíproca ente o jovem delegado ambicioso Hae-joon, interpretado por Park Hae-il, e a infeliz Seo-era, vivida por Tang Wei. Park Chan-wook resume seu filme com a frase, “quanto mais você se aproxima, mais difícil será a queda”.

Cena do filme sul-coreano "Decision to Leave" do cineasta Park Chan-wook.
Cena do filme sul-coreano “Decision to Leave” do cineasta Park Chan-wook. © sajinjeon/2022 CJ ENM Co., Ltd., MOHO FILM. ALL RIGHTS RESERVED

Como Cronenberg, o cineasta sul-coreano já foi selecionado várias vezes em Cannes. Em 2004 ele levou o Grande Prêmio, com “Old Boy” e, em 2009, o Prêmio do Júri, com “Este é o meu sangue”.

Palma de Ouro

Até agora, dez longas-metragens foram exibidos na competição oficial à Palma de Ouro. Nenhum deles conquistou unanimidade como favorito ao cobiçado prêmio. Os mais citados são: o thriller político-religioso “Boy From Heaven”, do sueco de origem egípcia Tarik Saleh; “R.M.N”, do romeno Cristian Mungiu sobre a imigração e xenofobia; “Armaggedon Time”, filme autobiográfico de James Gray, produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira; o iraniano “Holy Spider”, de Ali Abbasi; e “A Mulher de Tchaikovsky”, do cineasta russo dissidente Kirill Serebrennikov.

Até sexta-feira (28), os últimos 11 filmes em competição serão exibidos. Os vencedores serão revelados na cerimônia de encerramento, no sábado (28).

Deixe um comentário