Sánchez espera que Brasil não dê passos para trás e confirma visita ao México

O presidente de governo da Espanha, Pedro Sánchez, afirmou em entrevista à Agência Efe que deseja que o Brasil não dê passos para trás com Jair Bolsonaro e disse que este mês visitará o novo presidente do México, Andrés Manuel López Obrador.

Além disso, Sánchez reiterou seu objetivo de que o Brexit “tenha uma boa solução”, devido aos grandes interesses econômicos entre Espanha e Reino Unido, e que estão sendo realizados preparativos para uma saída sem acordo do Reino Unido da União Europeia (UE).

Na entrevista, Sánchez fez um balanço dos sete meses que está no cargo e os seus planos para um 2019 cheio de desafios, como a aprovação do orçamento, o independentismo na Catalunha, a exumação do ditador Francisco Franco e as eleições locais, regionais e europeias de 26 de maio, dentro de seu objetivo de não convocar um pleito antecipado.

O chefe do governo espanhol também falou de algumas questões sobre a América Latina, uma região que ele vem privilegiando desde que chegou ao cargo, com três visitas até agora.

Assim, Sánchez confirmou que em janeiro viajará para o México para se reunir no dia 30 com López Obrador, uma nova referência da esquerda latino-americana, mas não detalhou se visitará mais países da região na mesma viagem.

Ao ser questionado sobre o novo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, Sánchez comentou que seu desejo “é ter as melhores relações com um parceiro econômico e comercial como o Brasil, que é tão importante” para a Espanha.

Sem citar diretamente Bolsonaro, Pedro Sánchez assinalou que, “do ponto de vista político e ideológico, gostaria que o Brasil não desse passos para trás. O futuro nunca se conquista dando passos para trás”.

Sobre o Brexit, o líder socialista espanhol adiantou que, antes da próxima segunda-feira, serão apresentados os planos de contingência nacional. “Estamos nos preparando desde o primeiro minuto” de forma coordenada entre todos os ministérios e com a Comissão Europeia, afirmou.

Sánchez acrescentou que, em função do resultado do debate no parlamento britânico, sobre se finalmente haverá um acordo do Brexit com a UE ou uma saída “dura” e sem acordo, serão aprovadas medidas legais para ter “os instrumentos necessários para responder” a qualquer cenário possível.

Sobre um dos setores em que o Brexit mais pode ter impactos na Espanha, como em relação à companhia aérea espanhola Iberia, que faz parte do grupo IAG, controlado pela British Airways, Sánchez se mostrou convencido de que a Espanha estará preparada “em todos os aspectos”.

“Somos uma economia e um país claramente interessado em que o Brexit tenha uma boa solução, no sentido que haja um acordo”, destacou, frisando que o Reino Unido é um parceiro econômico e comercial “muito importante” para a Espanha.

Em questões nacionais, Sánchez deu ênfase especial à sua vontade de não convocar eleições legislativas antecipadas. “Se temos uma ambição é a de esgotar esta legislatura”, ressaltou o presidente de governo.

Além disso, o líder socialista apostou em seguir em busca de uma solução política para a crise na Catalunha, sem ceder ao independentismo, nem suspender de forma indefinida a autonomia dessa região, como pede a oposição de direita do Partido Popular (PP) e do Ciudadanos (Cs).

Nesse sentido, Sánchez acusou a oposição conservadora de buscar “perpetuar a crise na Catalunha” para tirar benefício político enquanto outros, como a sua legenda, o Partido Socialista e Operário Espanhol (PSOE), pretendem “resolver a crise na Catalunha”.

Por outro lado, o presidente do governo espanhol insistiu que os independentistas “têm que ser conscientes de que não têm uma maioria social que aposte pela independência na Catalunha”, onde “há um problema de convivência”.

Além disso, Sánchez não deixou de reprovar o PP com um tom mais duro e que, após as eleições regionais na Andaluzia em dezembro, “esteja vinculando seu futuro político” ao Vox, o partido de extrema-direita populista, algo que é “ruim” para o “conjunto do sistema político espanhol”.

Sánchez antecipou que o Conselho de Ministros aprovará nesta sexta-feira seu projeto de lei orçamentária para iniciar os trâmites parlamentares, apesar de ainda não ter o apoio necessário no Congresso.

Para isso, o líder socialista garantiu que irá negociar “com todas as forças parlamentares” e que estenderá as mãos ao PP e ao Ciudadanos para aproveitar a tendência positiva para continuar o atual ciclo de crescimento econômico sustentável com redução do desemprego.

Outro ponto-chave de seu governo é a exumação dos restos mortais de Franco de um monumento público. Sánchez admitiu que o procedimento “está sendo mais longo do que o previsto inicialmente”, e insistiu em respeitar as garantias legais da família.

Sobre as eleições de 26 de maio, o presidente de governo adiantou que as candidaturas socialistas serão apresentadas em fevereiro e que “haverá candidatos independentes nas listas”.

Fernando Garea e Patricia de Arce

Agência EFE