RN é o primeiro estado brasileiro a reproduzir ostra preta em laboratório e em escala comercial

Até o final deste ano, a Associação dos Produtores Potiguares de Ostras (Aproostra), no município de Tibau do Sul, distante 77 quilômetros de Natal, deve comercializar cerca de 60 mil ostras da espécie nativa Crassostrea gasar, popularmente conhecida como ostra preta, cultivadas em laboratório. Com isso, o Rio Grande do Norte se tornará o primeiro estado brasileiro a produzir em escala comercial essa espécie.

A iniciativa faz parte do Projeto AquiNordeste, desenvolvido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/RN), voltado para o fortalecimento da cadeia produtiva da aquicultura na região. As ostras produzidas no RN seguirão princípios de sustentabilidade e não irão reduzir os estoques nativos, já escassos no estado, pois as sementes foram produzidas sem terem sido retiradas de bancos naturais dos estuários.

O desenvolvimento dos moluscos está sendo acompanhado em uma unidade de pesquisa, demonstração e produção, montada na Lagoa de Garaíras, em Tibau do Sul.

Testes para reprodução da ostra preta já foram realizados em laboratórios de universidades Brasil afora. No entanto, pela primeira vez, a reprodução está sendo direcionada em escala comercial para retomar a expansão do cultivo de ostras em estuários potiguares sem agredir os estoques naturais.

“Estamos testando novos sistemas de cultivos e sementes de ostras produzidas em laboratório. Os produtores do Nordeste ainda produzem de forma arcaica. Com essas pesquisas, eles estão aprendendo a produzir de forma correta, o que resulta em uma ostra de ótima qualidade e levando menos tempo para chegar ao tamanho comercial”, afirma o gestor do AquiNordeste no Rio Grande do Norte, Marcelo Medeiros.

Pelo projeto, o Rio Grande do Norte está responsável por liderar a produção de sementes e fornecê-las para as demais unidades, sobretudo Paraíba e Sergipe, este último encarregado de identificar o melhor sistema de cultivo.

Tibau do Sul foi escolhida para a instalação da estação de pesquisa porque é um dos polos produtores do estado, chegando a uma produção anual de aproximadamente 480 mil ostras. O município de Cangaretama possui os maiores bancos naturais e há registros de produção na região que envolve Macau, Guamaré, Diogo Lopes e Galinhos.

Sementes da espécie nativa Crassostrea gasar, reproduzidas em laboratório, irão abastecer os estados nordestinos (Foto: Moraes Neto/ Divulgação Sebrae).
Sementes da espécie nativa Crassostrea gasar, reproduzidas em laboratório, irão abastecer os estados nordestinos (Foto: Moraes Neto/ Divulgação Sebrae).