Revolução Constitucionalista – Wilson Bezerra de Moura

A base fundamental para que exista uma revolução está nos revoltosos. Sem eles não há revolução e com eles não é possível ocorrer paz. E mais, não é uma revolta gerada em dado momento, é uma situação que conduz a uma reviravolta na sociedade. Os contrários são justamente aqueles que se revoltam e rompem os laços da tranquilidade.

À época em que o governador de São Paulo, que sempre foi o foco da grandeza populacional e política, irrompeu uma revolução chamada Constitucionalista, no ano de 1932, chefiada pelo general Bertoldo Klinger, com o apoio do próprio governador, Mossoró teve participação nesse enlace, mesmo tendo ordem severa transmitida pelo chefe de polícia do estado para não haver manifestação contrária ao Catete.

A proibição consistia, primeiramente, nas censuras aos jornais. Toda matéria teria que ser vista antes de publicada, e as emissoras de radio, embora poucas existentes na cidade, não podiam sintonizar as emissoras de São Paulo.

Mario Vilar, que morava à Rua das Flores, nas horas vagas de sua repartição, mantinha uma oficina de reparos de rádio mais para entrar no ar para averiguação e concerto, tinha primeiro de ser fiscalizado pela polícia, segundo o escritor Lauro da Escóssia em seu Mossoró no Passado. Era fiscalizado rigorosamente. A polícia tomava as medidas censuráveis e logo as transmitia ao Interventor Bertinho Dutra.

O descumprimento da ordem policial dava cadeia e, assim, certa ocasião, o próprio Lauro da Escóssia, acompanhado do jornalista Augusto da Escóssia e do fazendeiro Rufino Evangelista Nogueira, se fizeram presentes, às escondidas, ao Ipiranga Esporte Clube, onde haveriam de curtir pelo rádio, sob a tutela do Mário Vilar, algumas notícias de São Paulo. Sem menos esperar, chega o delegado, deixando claro que na reincidência seriam presos.

A censura aos órgãos de imprensa escrita e falada sempre foi o principal instrumento de forças de qualquer poder coercitivo, e desde os primeiros tempos essa ação foi arrasadora.