Reféns da minoria: Quando parlamentares abandonam o povo em nome da impunidade

 

Enquanto o Brasil enfrenta desafios urgentes na saúde, na educação, na isenção do imposto de renda, o Congresso Nacional assiste a um triste espetáculo: parlamentares eleitos pelo povo, pagos com dinheiro público, decidiram suspender suas atividades legislativas não em nome da população, mas em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe contra a democracia brasileira.

 

Na noite de terça (5) para quarta-feira (6), deputados da oposição acamparam no plenário da Câmara dos Deputados. Com uma lista de revezamento, anunciaram a obstrução de todas as votações tanto na Câmara quanto no Senado. Não como forma de pressionar por projetos de interesse popular, mas para exigir a votação de um chamado “pacote da paz”, que inclui anistia ampla e irrestrita aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, e o fim do foro privilegiado propostas que têm como pano de fundo a tentativa de blindagem política de seus aliados.

 

Com isso, o Parlamento brasileiro torna-se refém de uma minoria que usa o regimento e os espaços institucionais para travar a pauta do país e colocar seus interesses particulares acima do interesse coletivo. É um sequestro simbólico da agenda nacional.

 

O povo, que deveria ser o verdadeiro protagonista da democracia, hoje assiste atônito à paralisação do Congresso. Projetos importantes que beneficiariam milhões de brasileiros como aqueles que tratam da geração de empregos, ampliação de políticas sociais e investimentos em infraestrutura são deixados de lado para dar lugar à chantagem institucional.

 

Ao se recusarem a trabalhar por aquilo que realmente importa à população, esses parlamentares rompem com o dever constitucional que juraram cumprir. Não bastasse isso, ainda tentam impor suas pautas à força, ignorando o diálogo democrático, o debate plural e o princípio da legalidade.

 

É importante lembrar: a tentativa de golpe de Estado não é um episódio político comum. É um crime contra a democracia. Anistiar quem quis rasgar a Constituição não é promover paz, é instaurar a impunidade. E qualquer tentativa de tratar essa pauta como prioridade é um acinte aos valores republicanos.

 

Em tempos de crise, espera-se de quem ocupa cargo público responsabilidade, compromisso e respeito à vontade popular. O que se vê, porém, é um grupo que se esqueceu de quem os colocou ali e a quem deveriam servir: o povo brasileiro.

 

Que o Brasil não aceite calado essa inversão de prioridades. Que a democracia não seja refém da barganha e do autoritarismo disfarçado de protesto. E que a população, cada vez mais consciente, saiba quem trabalha por ela e quem vira as costas para seus direitos em nome da autopreservação.

Por Joyce Moura

@joycemourarealize

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