Reencarnação: impossível proibir

A reencarnação faz parte dos postulados de várias filosofias espiritualistas. Tivéssemos apenas uma única vivência, Deus seria muito injusto. Mas, talvez por desconhecimento de alguns fatos algumas pessoas insistem em dizer que ela não existe. Vamos a eles.

Até o ano de 553, a doutrina do renascimento e do carma era aceita pela Igreja Cristã. A história do II Concílio de Constantinopla, realizado à época, teve marcante acontecimento com a figura do imperador Justiniano, um teólogo, que queria saber mais teologia do que o Papa. Organizou no palácio a primeira conferência entre ortodoxos e monofisistas (doutrina daqueles que admitiam em Jesus Cristo uma só natureza), para a qual convidou seis de cada um deles, tentando definir as diferenças entre as doutrinas.

O Papa Virgílio, apesar de se encontrar em Constantinopla (atual Istambul), recusou-se a participar do concílio convocado pelo imperador, tampouco se fez representar. O concílio, pressionado por ele excomungou o Papa. Porém, em troca da suspensão da excomunhão o Papa Virgílio acabou reconhecendo a assembleia.

Teodora, esposa de Justiniano, teve muita influência nos assuntos do governo do marido e até nos assuntos teológicos. Por ter sido prostituta, suas ex-colegas se sentiam orgulhosas e exaltavam tal honra. Esse fato a revoltava e se constituía numa desonra, fazendo com que mandasse matar todas as quinhentas prostitutas de Constantinopla. Daí em diante os cristãos da época passaram a chamá-la de assassina e a dizer que seria assassinada quinhentas vezes em existências futuras. Esse seria seu carma por ter mandado matar as ex-colegas.

Teodora passou então a odiar a doutrina da reencarnação e, como mandava e desmandava através de seu marido, partiu para uma perseguição sem trégua contra essa doutrina e a Orígenes seu maior defensor, que afirmava ser uma doutrina Cristã.

O concílio condenou Orígenes e, devido a essa crença, ele foi excomungado pela Igreja 299 dias após a morte. O Concílio de Constantinopla decretou: “Todo aquele que defender a doutrina mística da preexistência da alma e a consequente assombrosa opinião de que ela retorna seja excomungado.”

Percebe-se que naquele tempo já se legislava em causa própria. Só esqueceram dois detalhes: um, é que não se pode proibir o que faz parte das leis naturais da evolução do homem na natureza. Outro, é que não basta deixar de acreditar nas coisas para que elas não existam.