Raibrito: 100 anos presente, 8 anos de saudade!

Na última sexta-feira (27) completou-se oito anos da partida do memorialista, adotando o princípio de que ele não era formado em História, de Raimundo Soares de Brito, uma referência para formados ou quem almeja um título acadêmico, no Rio Grande do Norte e também fora deste eixo regional.

“Um dos maiores memorialistas de nossa cidade que dispunha de um dos maiores acervos para pesquisa. Pelo trabalho em torno da preservação da memória histórica da cidade poderia ser sua obra mais explorada pela Academia. Mesmo assim, estudar a história de Mossoró passa pelo vasto trabalho de Raibrito”, sentencia o historiador e professor do Departamento de História da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Lemuel Rodrigues.

Raibrito, como era mais conhecido, nasceu em Caraúbas aos 23 de abril de 1920, isto mesmo, quase em brancas nuvens, passou em branco o seu centenário, muito por causa da pandemia, mas também pela falta de reconhecimento de poderes públicos tanto do município quanto do Estado.

Se você apareceu em jornais ou em revistas do Rio Grande do Norte até o ano de 2012, não é impossível que em algum lugar de uma prateleira superlotada de pastas, no arquivo de Raibrito não tenha uma com seu nome: pesquisador, poeta, professores, policiais, juízes e marginais. Raibrito era uma espécie de Google físico de tudo que acontecia em Mossoró, um arquivo vivo da imprensa, que muitas vezes, nem os próprios veículos de imprensa possuíam.

Considerado por muitos como sucessor de Raibrito, o pesquisador Geraldo Maia diz: “Não existe essa coisa de sucessor, cada um faz seu trabalho, mas é uma honra para mim ser comparado a Raibrito que foi referência para todos nós”.

Gemaia avalia ainda o campo da memória e o atual momento do acervo do memorialista: “Nós ficamos órfãos, nós sabemos que há uma biblioteca com seu acervo, mas ela está indisponível, isto dói nos nossos corações. Nós fizemos um esforço danado para disponibilizar este acervo numa página na internet, um investimento de mais de 200 mil reais e tudo isto foi perdido, é uma pena.”

Marcos Oliveira, sobrinho de Raibrito e atual responsável pelo acervo diz como se encontra a situação: “O acervo, que em vida foi angariado, acumulado e organizado por Raimundo Soares de Brito, tendo sempre o interesse de salvaguardar fatos e documentos de nossa história, encontra-se bem protegido. Se não consigo meios que permitam sua consulta, não há diferença do que enfrentam, todos que lidam com acervos e com cultura de forma geral, neste país. Paradoxalmente, é uma luta quase solitária”.

Neste ano do centenário de Raibrito, Marcos e a família criaram um instituto para tentar facilitar o acesso a recursos para a manutenção do acervo: “O instituto está criado. Nossa intenção foi de neste ano de seu nascimento e de sua esposa dona Dinorá, celebrarmos a oportunidade, tendo o Instituto como arregimentador. A pandemia impôs outras opções, por exemplo a exposição virtual Raibrito, um observador do cotidiano. Dados as restrições sociais que ainda enfrentamos. Mas aguardamos tempos melhores para a sociedade e para o Instituto Raibrito”.

Raimundo Soares de Brito publicou mais de quarenta obras, das quais destacamos “Caraúbas Centenária”, em homenagem à sua terra natal e a organização e publicação de “Nas Garras de Lampião” diário de Antônio Gurgel, refém de Lampião no ataque de 1927 a Mossoró.

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