Quadro de Cid Gomes é estável e senador recebe alta para a enfermaria
O senador Cid Gomes (PDT) levou um tiro de arma de fogo nesta quarta-feira (19) ao tentar furar um bloqueio de policiais militares em greve usando uma retroescavadeira, na cidade de Sobral, no Ceará. Cid, que é irmão do prefeito Ivo Gomes (PDT), queria invadir o 3º Batalhão da Polícia Militar que estava ocupado por um grupo de policiais encapuzados.
Um pouco antes de avançar contra os manifestantes com o veículo, Cid Gomes fez um discurso frente à multidão com duras críticas à paralisação. “Ninguém será chantageado, ninguém deixará de trabalhar, de abrir suas portas e caminhar com tranquilidade em Sobral”, afirmou.
“Eu tô aqui desarmado e vou enfrentar quem armado estiver, sob o custo da minha vida. Mas ninguém vai fazer o que esses bandidos estão fazendo aqui em Sobral”, continuou.
Por meio de nota, a assessoria do político informou que ele passou por procedimentos de estabilização no Hospital do Coração de Sobral e será transferido para a Santa Casa da região. Ciro Gomes, irmão do senador e ex-ministro, disse pelo Twitter que Cid foi vítima de dois tiros e que as balas não atingiram órgãos vitais.
Um boletim médico divulgado às 19h40 pelo Hospital do Coração, confirmou o ferimento por arma de fogo na região torácica e informou que Cid está lúcido, respirando sem auxílio de aparelhos e apresenta boa evolução clínica.
O Ministério da Justiça também divulgou nota informando que acompanha a situação no Ceará, e que enviou equipes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal para garantir a segurança dos senador.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS-CE) informou, em nota, que os policiais amotinados fugiram 3º Batalhão ao perceberem os preparativos do equipes do Comando de Polícia de Choque para retomar o local.
Ainda segundo a SSPDS, o núcleo de homicídios da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) investiga o crime cometido contra o senador Cid Gomes, com o apoio de “uma equipe do Grupo de Pronta Intervenção (GPI) da PF, composta por agentes, peritos e papiloscopistas”.
A greve
Desde o dia 5 de dezembro de 2019, o Ceará convive com protestos dos policiais militares, que reivindicam melhoria salarial para a categoria. O governador Camilo Santana (PT) enviou à Assembleia Legislativa do estado, uma proposta de aumento de R$ 3,2 mil para R$ 4,2 mil, com reajustes até 2022. A categoria rejeitou.
Em 13 de fevereiro, dia em que a proposta de aumento do governo foi levado à Assembleia Legislativa, os policiais organizaram uma grande manifestação na frente da Casa, fechando a avenida Desembargador Moreira. Diante da resistência, Santana enviou uma nova proposta de aumento para R$ 4,5 mil. Porém, a categoria pediu um reajuste de 35%.
Quatro dias depois, a Justiça decidiu que os policiais militares poderiam ser presos, caso organizassem manifestações. O Ministério Público do Ceará recomendou ao comando da Polícia Militar que impedisse as manifestações.
Na última terça-feira (18), três policiais militares foram presos por cercarem um batalhão e murcharem os pneus de diversas viaturas. Nesta quarta-feira (19), batalhões da PM foram atacados e homens encapuzados ordenaram que comerciantes fechassem as portas de seus estabelecimentos.
Brasil de Fato