Pela primeira vez 128 anos uma mulher à frente de uma das principais centrais sindicais da França?

Sophie Binet, de 41 anos, é a primeira mulher na história da organização sindical Confederação Geral do Trabalho (CGT) a ocupar o cargo de secretária-geral desde sua criação, em 1895. Presidente do Sindicato dos Executivos, feminista e preocupada com questões ambientais, ela tem um perfil atípico para liderar a segunda principal organização sindical francesa, ainda estruturada em torno de poderosos bastiões operários. Apenas quatro mulheres, antes dela, lideraram centrais sindicais no país.

Mal o anúncio de sua eleição foi divulgado na tribuna do 53º congresso da organização, Binet cantou junto com o público da sala a canção dos militantes da Federação de Minas e Energia francesa: “Emmanuel Macron, se você continuar, sua casa vai ficar no escuro”. Dessa maneira, ela deu o tom de seu mandato à frente da CGT, na dianteira da luta contra a reforma da Previdência.

“É a nova geração ágil, que domina bem a luta, os conflitos e as ferramentas de comunicação”, declarou um representante sindical após a vitória de Binet com 64 votos a favor, 39 contra e 11 abstenções.

Secretária-geral do Sindicato dos Executivos da CGT (Ugict) desde 2018, Binet é coautora do livro “Féministe la CGT? Les femmes, leur travail et l’action syndicale” (CGT feminista? As mulheres, seu trabalho e a ação sindical), publicado em 2019.

Ex-membro do Partido Socialista, ela também é comprometida com as questões ambientais. Em seu primeiro discurso como secretária-geral, Sophie Binet saudou as “diretrizes claras” adotadas pela CGT na quinta-feira (30) sobre “assuntos ambientais e sociais”, destacando que é preciso saber “colocar no mesmo nível o fim do mundo e o fim de mês”. Ela também lembrou a importância do combate à violência sexista e sexual, que “não pode ser colocada em segundo plano”.

Reforma das aposentadorias

Sua candidatura havia sido mencionada nos últimos meses, no entanto, sua filiação ao Sindicato dos Executivos parecia ser uma desvantagem. Mas Binet é uma militante experiente, que se sente à vontade tanto em entrevistas quanto em seus discursos na tribuna.

Presidente da União Nacional dos Estudantes da França (UNEF) de Nantes, em 2003, na CGT ela é membro do Alto Conselho para a Igualdade entre Homens e Mulheres. Em 2018, Binet participou da criação da Casa dos Lançadores de Alerta, com a qual ela se comprometeu, em fevereiro de 2022, em melhorar a lei de proteção sobre pessoas que apresentam denúncias.

Com a forte contestação contra a reforma das aposentadorias em curso, Binet terá muito trabalho pela frente, sobretudo quanto à estratégia a ser adotada pela organização diante do governo.

(Com informações da AFP)

Deixe um comentário