Papa aos budistas da Mongólia: com o diálogo, promover a cultura da paz

Em um mundo devastado por conflitos em que muitas vezes se abusa da religião para justificar atos de violência, o forte apelo de Francisco na audiência com representantes do país asiático: temos o dever de promover uma cultura diferente baseada no perdão e na não violência, como os mestres das respectivas fés, Jesus e Buda, ensinaram. A paz é o anseio da humanidade.

Manoel Tavares – Cidade do Vaticano

O Santo Padre recebeu na manhã deste sábado, 18, no Vaticano, uma delegação de líderes budistas da Mongólia, acompanhada por Dom Giorgio Marengo, prefeito apostólico de Ulaanbaatar, por ocasião do 30º aniversário da Prefeitura Apostólica no país e para consolidar as relações diplomáticas entre a Santa Sé e a Mongólia.

Em sua saudação aos ilustres visitantes, o Pontífice expressou sua sentida gratidão por esta primeira visita ao Vaticano de representantes oficiais do budismo mongol. Tal visita, disse ele, tem o objetivo de aprofundar as relações de amizade com a Igreja Católica, promover a compreensão mútua e a colaboração para a construção de uma sociedade pacífica. Neste sentido afirmou:

A paz representa, hoje, o ardente desejo da humanidade. Por meio do diálogo, em todos os níveis, é urgente promover uma cultura da paz e da não violência. O diálogo deve levar todos a rejeitar a violência, em todas as suas formas, inclusive a violência contra o meio ambiente. Infelizmente, ainda há pessoas que continuam a abusar e utilizar a religião para justificar atos de violência e de ódio.

Jesus e Buda, afirmou Francisco, eram construtores de paz e promotores da não violência. Jesus também viveu em tempos de violência. Não obstante, ensinava que o verdadeiro campo de batalha, em que a violência e a paz se defrontam, é o coração humano. Ele pregou, sem cessar, o amor incondicional de Deus, que acolhe e perdoa, e ensinou os discípulos a amar seus inimigos.

Por isso, recordou, “ser verdadeiros discípulos de Jesus, hoje, significa aderir à sua proposta de não violência”. E acrescentou:

A mensagem central de Buda era a não violência e paz. Ele ensinou que ‘a vitória deixa um rastro de ódio, porque o derrotado sofre. Deixem, pois, de lado todos os pensamentos de vitória e derrota e vivam em paz e na alegria’. Buda ressaltou ainda que a conquista de si é bem maior que a dos outros: ‘É melhor vencer a si mesmo do que mil batalhas contra milhares de homens”.

Neste sentido, falando de um mundo, devastado por conflitos e guerras, Francisco frisou: “Como líderes religiosos, profundamente arraigados em nossas respectivas doutrinas religiosas, temos o dever de despertar na humanidade o desejo de renunciar à violência e construir uma cultura de paz”.

Embora a presença de comunidades mais formais de fiéis católicos em seu país seja bastante recente, com um número exíguo, mas significativo, a Igreja está plenamente comprometida em promover a cultura do encontro, sob o exemplo do seu Mestre e Fundador, Jesus Cristo, que disse: “Amai-vos uns aos outros como vos amei”. E o Papa exortou:

Fortaleçamos a nossa amizade para o bem de todos. A Mongólia tem uma longa tradição de coexistência pacífica entre as diferentes religiões. Faço votos de que esta antiga história de unidade na diversidade possa continuar, hoje, com uma efetiva implementação da liberdade religiosa e a promoção de iniciativas conjuntas para o bem comum”.

O Papa concluiu seu pronunciamento à delegação de budistas da Mongólia, dizendo que a sua presença no Vaticano constitui um sinal de esperança. Por isso, convidou os presentes a continuar o diálogo fraterno e as boas relações com a Igreja Católica em seu país, em prol da paz e da concórdia. Desejo a todos os mosteiros budistas da Mongólia, que vocês representam, muita paz e prosperidade.

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