Padre Mota é de Nossa Terra – Wilson Bezerra de Moura

As primeiras palavras dos descobridores desta terra chamada Brasil, ao pisarem em seu solo, soaram como um brado de alerta para quem desejasse contribuir para o seu crescimento. Era se plantando tudo dar. Assim prosperou a semente que lhe foi lançada, parte dessa semente algumas boas, a maioria ruim, preconceito, injustiças, desigualdade, escravidão e por aí vai. Até hoje tem suas consequências.

Em Mossoró, como filhos da terra, duas sementes plantadas prosperaram. O Padre Longino Guilherme de Melo, que pertencia aos legítimos herdeiros dos Guilherme de Melo, primitivos habitantes, foi o primeiro sacerdote mossoroense, embora não tenha sido, por excelência, bom sacerdote, já que em alguns momentos de sua história tenha se desviado da atividade sacerdotal para a prática arruaceira, marcou época. Mesmo assim, em tais circunstâncias, o padre Longino ficou registrado como o primeiro sacerdote de Mossoró, ordenado pela benção papal dentro da formalidade cristã.

Mas, traduzindo os aspectos históricos, Luiz Ferreira Cunha da Mota, mossoroense da gema, nascido em 16 de abril de 1897, batizado na mesma igreja que viera ser sua paróquia, no dia 26 do mesmo mês e ano de 1897, tempos depois, após longo trajeto histórico. Filho de ilustre personagem da terra, tornou-se sacerdote ordenado em cumprimento de uma ritualística religiosa oficiada pelo Vaticano.

O Padre Mota ordenou-se na Sagrada Ordem do Presbítero, entre os 36 partícipes dos vários colégios eclesiásticos de Roma, após o ato concedeu a primeira benção à família consagrando uma justa homenagem.

Cumprindo sua trajetória religiosa, após a ordenação resolve retornar ao Brasil, viajando da Itália para o Rio de Janeiro a bordo do navio Valdevia. A terra não só brasileira, mas a mossoroense, que o esperava para vê-lo atuar como fiel sacerdote, inteligente, eficiente amigo de seus patrícios que o viram atuar com brilho. Não só como Cristão, mas especialmente como cidadão que veio a falecer em sua terra às cinco horas da manhã do dia 24 de agosto de 1966. Na despedida, quando de sua morte, o prefeito de Mossoró, doutor Raimundo Soares de Souza, proferiu as seguintes palavras: “E a lembrança que dele guardo, a qual jamais desaparecerá, é um sentimento de profunda admiração pelo padrão de honestidade, bondade, lealdade, pureza.”

O corpo do Padre Mota, após essa despedida, desce à sepultura, ficando para Mossoró a sua memória que prevalecerá durante todos os séculos.