Padoca: A luta dos alunos e alunas por uma universidade viva – Luane Fernandes

As universidades devem acolher a diversidade, certo? Por princípio, almejam, sempre, promover as trocas plurais de conhecimento, vivências e de construções de saberes. Nelas, as diferenças devem ser aceitas e abraçadas, a igualdade deve ser priorizada e a liberdade de expressão mantida, acima de tudo.

Todavia, nem sempre esses princípios são respeitados. O departamento de Comunicação Social da UERN vive tempos obscuros no que toca ao respeito à diversidade. Enquanto espaços de vivências são construídos por alunos e professores, estes também são ameaçados e exterminados por agentes externos.

Um exemplo recente seria o laboratório da Padoca, um ambiente criado por docentes e discentes do curso de Comunicação Social, com o objetivo de que as mais diversas formas de intervenções e vivências sejam experienciadas dentro da universidade. Aulas, exposições artísticas, palestras, debates e saraus são alguns dos muitos eventos que a Padoca já realizou.  Na semana que antecede o início das aulas, a Padoca foi esvaziada. Sumiram, da noite para o dia, todo o seu mobiliário e decoração: paletes de madeira, carreteis, vasos com flores. Só restando o mural de grafite, como único vestígio de sua existência.

Além de ser um campo para que alunos e alunas possam realizar eventos, estudo, encontros culturais e socializar no intervalo entre uma aula e outra, numa atmosfera de acolhimento e segurança, a Padoca também é um projeto de extensão e de pesquisa. Sua construção e manutenção é esforço contínuo e voluntário de vários alunos e professores do curso de Comunicação. Entretanto, o espaço e tudo o que ele representa está ameaçado. O que não conseguimos entender é: por quê? É crime promover debates trans e interdisciplinares? É errado pensar em ambientes coloridos de interação, intervenção e sociabilidade, que quebrem o silêncio e o cinza de uma universidade com pouquíssimos bancos, árvores e praças em que possamos sentar, debater, estamos uns com os outros? Justamente por celebrar a diversidade, por enaltecer a arte em suas múltiplas formas, estamos sendo rechaçados?

O grafite, o lambe, o teatro, a música, a dança e a arte como um todo são formas de expressão dos alunos, e estão sendo severamente censuradas. Os lambes são arrancados da noite para o dia. O espaço, vandalizado e sucateado. Nós, que estamos ali à espera de uma formação e nos esforçamos para construir o futuro, também nos sentimos assim: vandalizados.

De forma autônoma, os alunos elaboraram um evento chamado “A vigília da Padoca”, com a proposta de durar 24 horas. A vigília foi criada com o objetivo de protestar contra os ataques que o espaço vem sofrendo. O evento foi criado para oferecer e simbolizar nossa presença e olhar, conferindo segurança a uma universidade que encontra dificuldades em manter nossos espaços seguros. O que nos leva a perguntar: Até quando sofreremos censura e insegurança dentro de nossa universidade, que deveria ser um ambiente acolhedor e não de repressão?