Os fantasmas da Academia

Ainda ecoa por aí a minha derrota à Academia Mossoroense de Letras (AMOL), página que eu quero que fique adormecida no passado para sempre. Peço ainda a amigos próximos, esposa, filhos, parentes e aderentes que, se em algum dia, eu inventar de concorrer novamente à uma das cadeiras desta instituição, me amarrem no pé da mesa e não me deixem arredar o pé de casa.

Há de se perguntar a razão de tamanha “raiva” da velha AMOL, construída a tantas mãos importantes da cultura local. Digo, não é raiva da instituição, mas de alguns nomes que ali estão que não condizem com a hombridade daqueles que plantaram as sementes da Academia.

Mossoró tem o péssimo hábito de tornar vitalício os representantes de suas instituições, assim já aconteceu com o Instituto Cultural do Oeste Potiguar, que foi dirigido por décadas a fio pela mesma pessoa e também com a AMOL. Ressaltando que, tamanha é a nulidade de algumas pessoas que em mais de trinta anos de criação, essa gente não se dignou sequer a registrar oficialmente a instituição. Ou seja, legalmente ela sequer existe.

Pretendia ajudar neste processo de legalização, tendo em vista que tenho algum conhecimento na área e também estou num processo semelhante com a Academia Iracemense de Letras e Artes (AILA), da qual me atrevi a fundar, juntamente com alguns conterrâneos, mas que espero, em breve passar o bastão para um novo presidente, de preferência uma mulher. É assim que deve ser, esta perpetuação de poder não faz bem a nenhuma instituição.

Voltando ao fatídico episódio de minha derrota, o que me deixou desapontado foi a falta de palavra de alguns homens de sorrisos largos e afagos efusivos que se comprometeram até o último minuto comigo, me deixando certos dos seus votos e, acatando o adulamento do presidente da Academia, que fez campanha aberta contra mim, votaram contrários às suas promessas.

Não tenho nada contra a pessoa com quem concorri, até mesmo porque não o conheço, nada mesmo. Parece-me que é advogado, se não me engano e por esta razão, foi abraçado por uma leva de também advogados que hoje habitam a casa de Vingt-un, Raibrito e Dorian.

A despeito deste último, era sua cadeira que eu gostaria de ocupar, pelo nome, pela crônica, pelo jornalismo que busco implementar na minha vida. Não era ser acadêmico por ser acadêmico. Não tenho a vaidade somente no vestir do fardão, motivo inclusive alegado pelo presidente para vetar a presença de Antônio Francisco, segundo ele, o poeta não iria seguir os ritos acadêmicos: fardão, sapatos, gravata. Eu acho que nisto ele estava certo, mas Antônio é maior do que qualquer academia.

Estes dias um fantasma veio me assombrar de novo ofertando-me o momento para uma nova empreitada. Ora, camarada, deixe disso! Que Deus me dê juízo, a AMOL já mostrou que não me quer, que não precisa de mim e nestes e nestes quesitos estamos empatados. Por mim esta história página virada, a AMOL siga o caminho dela que eu sigo o meu.

Findo, com o poema de Mário Quintana inspirado também na sua derrota à Academia Brasileira de Letras:

 

Poeminho do Contra

Todos esses que aí estão

Atravancando meu caminho,

Eles passarão…

Eu passarinho!

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