OPINIÃO: QUEM DEVE FALAR PELO ELEITO NA TRANSIÇÃO?

Ney Lopes

Prosseguem os trabalhos da equipe de transição do governo federal.

Ultimamente, a imprensa tem insistido na necessidade do Presidente Lula indicar um interlocutor político, a quem delegue o anúncio de  tomada de decisões, diante de impasses ocorridos.

Impossibilidade – Aqui opino com base na minha longa experiência política.

Acho que ninguém fala pelo presidente, governador ou prefeito eleitos.

Não pode nem transmitir recado, quanto mais decidir.

Gera ciúmes e contestações generalizadas.

Experiência – Narro a seguir experiências pessoais que vivi.

No governo Cortez Pereira era Chefe da Casa Civil.

O governador chamou-me e disse: “converse com os deputados, políticos e resolva o que eles pedem”.

Alegou que a sua preocupação seria a administração, em montagem.

Resultado – Fui “queimado vivo” somente por dizer que estava credenciado pelo governador para conversar e decidir questões políticas.

Só aceitavam dialogar com o governador.

Formaram-se grupos de resistência a mim entre os próprios secretários de estado, cada um considerando-se “senhor de si”.

Com três meses no cargo resolvi sair e assumiu Maia Neto, um cearense que veio para o governo.

Ocupei a Secretaria de Justiça.

Outra experiência – Deputado federal e candidato a vice-governador, na chapa de Garibaldi Alves, em 2006, ocorreu um problema político em Caicó, durante a campanha.

Para solução amigável era necessária uma ponderação política junto ao então deputado Álvaro Dias, de largo prestígio no PMDB e presidente da Assembleia.

Garibaldi me delegou essa missão.

Foi um desastre.

Na primeira abordagem que fiz, Álvaro reagiu com veemência, disse que não aceitava intermediário.

Nem argumentei e ele bateu o telefone.

Calei para evitar uma crise.

Alckmin e PT – Em Brasília, mesmo tendo sangue de barata, o vice-presidente eleito Alckmin está “comendo o pão que o diabo amassou”.

O governo paralelo do PT, nas pessoas de Gleisi Hoffmann e Aloizio Mercadante, assemelha-se a “dois seguranças”, sempre ao seu lado, com recados até faciais.

Se Lula formalizar Alckmin como seu interlocutor político, o incêndio se propagará, sem controle.

Síntese – A conclusão é que o melhor interlocutor político num período de transição de poder é aquele que se elegeu.

E mais ninguém!

PS. No caso do presidente Lula, que convalesce de doença na garganta, poderá usar o estilo de “comunicados” lidos pela assessoria, ou até  “bilhetinhos” como fazia Jânio Quadros.

A propósito, a inspiração de Jânio para os bilhetinhos veio do estadista inglês Winston Churchill.

Diante da burocracia inglesa, ele escrevia bilhetes com ordens curtas e incisivas, e com o menor número de palavras.

Olho aberto

Mirassol – Acesa ontem, 25, a tradicional árvore de Natal de Mirassol.

Na ocasião, apresentaram-se Antônio Nóbrega, que comemorou 50 anos da carreira e 70 de idade, o Pastoril Cabeceiras (20h) e os convidados Khrystal, Carlos Zens, Banda Sinfônica do Natal e o cordelista Manoel Cavalcante.

Covid – Vacine-se contra a Covid.

Quanto mais doses melhor.

Mega – 57 milhões o prêmio da Mesa Sena hoje.

Fazenda – Ao final da tarde de ontem, o dólar subia e a bolsa caía.

A causa foi Fernando Haddad, possível ministro da Fazenda, no almoço que teve com os banqueiros na FEBRABAN, não dizer o que eles desejavam ouvir.

Ao contrário, falou o que eles não admitem, nem querem ouvir, ou seja, fazer reforma tributária que altere regras de taxação da renda, patrimonio, lucros e dividendos, seguindo os padrões das nações capitalistas do mundo.

Tudo pela razão de que não poderá haver maior abertura social, sem essas medidas econômico-financeiras.

Biden nos Estados Unidos age assim.

No Japão, Alemanha, França, também.

Proibição – No Brasil é proibido falar isso diante de banqueiros ortodoxos.

Sob pena – como aconteceu – de usarem o mercado para assustar o governo.

O próprio governo de Bolsonaro teve essas dificuldades, em alguns momentos.

A felicidade é que a mentalaidade no mundo empresarial está mudando, para melhor.

Há muitos que defendem uma economia de mercado estável e com preocupações sociais.

Bradesco- Enquanto isso, dois anos após comprar um banco americano, o Bradesco investe agora US$ 230 milhões de dólares (cerca de R$ 1,2 bilhão) para acelerar o seu crescimento nos Estados Unidos.

O banco eleva o investimento em seu negócio na América do Norte em cerca de 50%,

Ciro – Apesar de ter sinalizado durante a campanha que não pretende concorrer novamente, Ciro Gomes indica aos correligionários que quer voltar a fazer política.

O pombo I – Richarlison, o herói da estreia do Brasil na Copa, é apelidado de Pombo porque em 2018, em brincadeira com amigos, fez a coreografia da música “Dança do Pombo”.

Não se incomodou com o apelido e comemora gols mexendo o tórax de modo a imitar o movimento do peito do pássaro, para alegria da garotada.

O pombo II – Richarlison também é conhecido pelo seu lado político, com posicionamento mais social.

O seu salário hoje é de 3 milhões de reais mensais.

Ele mantem uma hospedaria gratuita para os doentes de câncer, que procuram o renomado hospital de Barretos, em SP.

Ida para a Arábia Saudita – Estão em marcha negociações para Cristiano Ronaldo jogar no campeonato da Arábia Saudita. O ministro do desporto da Arábia Saudita admitiu essa possibilidade.

Escola de Música – Comemorados 60 anos dessa renomada instituição da UFRN.

Justa a homenagem prestada a pianista Luíza Maria Dantas, diretora por 18 anos.

(Coluna publicada no jornal AGORA RN).

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