OMS declara que o Brasil é foco da propagação do vírus zika nas Américas

A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, anunciou que convocará um Comitê Internacional de Emergência de Regulamento de Saúde sobre o vírus zika e o aumento observado de distúrbios neurológicos e malformações congênitas.

O Comitê se encontrará na segunda-feira, dia 1º de fevereiro, em Genebra para determinar se o surto constitui uma “Emergência de Saúde Pública de Preocupação Internacional”.

As decisões referentes aos membros do Comitê e conselhos serão publicadas no site da OMS (who.int).

A diretora-geral da OMS fez um breve histórico sobre o vírus zika, informando que a preocupação relacionada à doença era considerada baixa, com poucos casos reportados e, por isso, difíceis de serem interpretados clinicamente.

“A situação hoje é muito diferente. No ano passado [2015], o vírus foi detectado nas Américas, onde ele está agora se disseminando explosivamente. Até hoje, há casos relatados em 23 países e territórios da região. O nível de alarme é extremamente elevado”, disse Chan.

Em maio de 2015, o Brasil registrou o primeiro caso do vírus zika. Desde então, a doença se espalhou no Brasil e em outros 22 países e territórios da região.

A chegada do vírus em alguns países das Américas, principalmente no Brasil, tem sido associada com o aumento expressivo de nascimentos de bebês com cabeças anormalmente pequenas (microcefalia) e, em alguns casos, síndrome de Guillain-Barré, uma condição pouco compreendida na qual o sistema imunológico ataca o sistema nervoso, às vezes provocando paralisia.

Uma relação casual entre a infeção do vírus zika e a malformação congênita e síndromes neurológicas não foi estabelecida, mas há uma forte suspeita.

Além da possível associação da infecção com as malformações congênitas e síndromes neurológicas, Margaret Chan disse estar preocupada com o potencial em termos de propagação internacional – dada a ampla distribuição geográfica do mosquito vetor –, a falta de imunidade da população em áreas recém-afetadas e a ausência de vacinas, tratamentos específicos e testes de diagnóstico rápidos.

Ações de resposta da OMS

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) vem trabalhando estreitamento com os países afetados desde maio de 2015. A OPAS mobilizou esquipes e membros da Rede Mundial de Alerta e Resposta a Surtos Epidêmicos (GOARN) para dar assistência a ministros da Saúde no fortalecimento de suas habilidades para detectar a chegada e circulação do vírus zika por meio de testagem laboratorial e comunicação rápida.

O objetivo, disse a agência por meio de um comunicado, é garantir diagnóstico clínico preciso e tratamento para pacientes, rastrear a propagação do vírus e o mosquito que o transmite (o Aedes aegypti), bem como promover a prevenção, especialmente através do controle do mosquito.

A agência da ONU está apoiando o aprimoramento e fortalecimento de sistemas de vigilância em países que registraram casos de zika e de microcefalia e outras condições neurológicas que podem estar associadas ao vírus.

O monitoramento também está se intensificando em países para onde o vírus possa se propagar. Nas próximas semanas, a OPAS/OMS convocará especialistas para dar conta dos gargalos críticos no conhecimento científico sobre o vírus e seus efeitos potenciais nos fetos, crianças e adultos.

A OMS informou que vai priorizar o desenvolvimento de vacinas e novos instrumentos para o controle das populações de mosquitos, bem como a melhoria de testes de diagnóstico.

O Ministério da Saúde brasileira orienta as gestantes a adotar medidas que possam reduzir a presença de mosquitos transmissores de doença, com a eliminação de criadouros, e proteger-se da exposição de mosquitos, como manter portas e janelas fechadas ou teladas, usar calça e camisa de manga comprida e utilizar repelentes permitidos para gestantes.

Testagem no Brasil

Atualmente, a circulação do zika é confirmada no Brasil por meio de teste PCR, com a tecnologia de biologia molecular. A partir da confirmação em uma determinada localidade, os outros diagnósticos são feitos clinicamente, por avaliação médica dos sintomas. O Ministério da Saúde distribuirá 500 mil testes para realizar o diagnóstico de PCR (biologia molecular) para o vírus zika.

Com isso, os laboratórios públicos ampliarão em 20 vezes a capacidade dos exames, passando de mil para 20 mil diagnósticos mensais, anunciou o Ministério na quarta-feira (27).

As primeiras 250 mil unidades têm entrega prevista para fevereiro, inicialmente aos 27 laboratórios, sendo quatro de referência e 23 Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACEN). A previsão é que os outros 250 mil testes estejam disponíveis a partir do segundo semestre. No total, o Ministério da Saúde investiu 6 milhões de reais para a aquisição dos produtos.

A recomendação do Ministério, conforme Protocolo de Vigilância e Resposta à Ocorrência de Microcefalia, é que sejam priorizadas, para a realização do teste, mulheres grávidas com sintomas do vírus zika, gestantes com bebê microcefálico, além de recém-nascidos com suspeita de microcefalia.

Fonte: Organização das Nações Unidas (ONU) Brasil.