Ômicron faz Paris declarar estado de emergência sanitária na Guiana Francesa, na fronteira com Brasil

O governo francês decretou estado de emergência sanitária a partir desta quarta-feira (5) e vários de seus territórios ultramarinos em razão da aceleração da pandemia de Covid-19 alavancada pela variante ômicron. A Guiana Francesa, na fronteira com o Brasil, faz parte das regiões atingidas pela medida, assim como Guadalupe, Saint Barthélemy e Saint-Martin, no mar do Caribe, além de Maiote, no Oceano Índico.

O governo tem constatado um “aumento considerável” de casos fora da França metropolitana. Além dos territórios anunciados nesta quarta-feira, o estado de emergência sanitária já havia sido declarado em 27 de dezembro na ilha da Reunião, no Índico, e na Martinica, no Caribe.

Em Guadalupe, por exemplo, a taxa de incidência, parâmetro que mede a circulação da pandemia, era de 1.820 por 100 mil habitantes na terça-feira (4). O índice representa uma alta de 549% em apenas sete dias.

As autoridades alertam principalmente para os baixos níveis de vacinação registrados nessas regiões, onde ainda existe muita resistência à imunização. Apenas cerca de 40% da população dos territórios ultramarinos franceses, em média, recebeu a primeira dose da vacina anticovid.

Saturação dos hospitais

O caso da Guiana Francesa, separada do Brasil pelo rio Oiapoque, no norte do Amapá, é um exemplo citado frequentemente pelas autoridades. O território tem cerca de um terço de sua população vacinada.

“Com esse nível de imunização, os riscos de desenvolvimento de formas graves da doença aumentam e podem levar rapidamente a uma saturação das estruturas hospitalares”, alerta o decreto. E governo lembra que a situação já é preocupante na Guiana Francesa, onde “o índice de ocupação dos leitos em serviços de reanimação já é superior a 190% da capacidade inicial”.

Como na França metropolitana, a vacinação não é obrigatória na Guiana. Mas o passaporte sanitário, documento que prova que seu portador foi vacinado ou fez um teste com resultado negativo recentemente, é exigido para ter acesso a bares, restaurantes e atividades esportivas e culturais. No entanto, a regra nem sempre é aplicada e o uso de máscaras de proteção nem sempre é respeitado, o que potencializa a circulação do vírus, principalmente diante da capacidade de contágio da variante ômicron, que já está presente na região.

A facilidade de entrada e saída do território, em razão das fronteiras difíceis de controlar tanto do lado do Suriname, ao oeste, como do lado brasileiro, ao sul, tornam a contenção dos casos ainda mais complexa.

Na cidade guianense de Saint Georges, a apenas alguns minutos de barco de Vila Vitória e de Oiapoque, do lado brasileiro, a travessia é intensa e praticamente nenhum controle é feito. A ponte que liga as duas margens ficou fechada durante meses, mas o tráfego de barcos improvisados continuou sendo tolerado, já que muitas pessoas trabalham ou estudam dos dois lados da fronteira.

Na imagem, feita na margem francesa do rio Oiapoque, é possivel ver ao fundo Vila Vitória, do lado brasileiro.

Na imagem, feita na margem francesa do rio Oiapoque, é possivel ver ao fundo Vila Vitória, do lado brasileiro. © Silvano Mendes / RFI

Fonte RFI

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