Observadores internacionais descartam fraude na eleição e criticam Trump

Declarações "infundadas" feitas pelo presidente minam a confiança dos americanos no processo eleitoral, que foi bem administrado e transcorreu sem irregularidades, afirma missão de observadores da OSCE.

Observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) descartaram enfaticamente a possibilidade de fraude na eleição dos Estados Unidos e disseram que as acusações do presidente Donald Trump ao processo eleitoral prejudicam a confiança do público americano nas instituições democráticas.

Em entrevista à DW, a chefe da missão, Urszula Gacek, afirmou não ter encontrado evidências de falha sistêmica no processamento dos votos pelo correio e disse não ter visto um único incidente irregular na Pensilvânia, onde a campanha de Trump contesta a contagem.

“Nas suas declarações, Trump minou a confiança do eleitor no processo eleitoral. Isso é um fato, isso está gravado”, declarou Gacek à DW, acrescentando que o desafio agora é reconstruir essa confiança.

Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (04/11), a missão afirmou que “alegações infundadas de deficiências sistemáticas, particularmente por parte do presidente em exercício, inclusive na noite das eleições, prejudicam a confiança do público nas instituições democráticas”.

Segundo a missão, garantir a contagem de todos os votos é uma obrigação fundamental de todos os setores do governo.

A missão de observadores elogiou o processo eleitoral em si, afirmando que ele foi “competitivo e bem administrado”, apesar dos inúmeros desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus.

“Polarização obscurece debate político”

Os observadores notaram, porém, que a campanha eleitoral foi caracterizada por uma “polarização política profundamente enraizada, que muitas vezes obscurecia o debate político mais amplo e incluía alegações infundadas de fraude sistemática”.

Nesta quarta-feira, poucas horas após o fim da votação, o presidente Donald Trump denunciou “fraude” e afirmou que a eleição estava sendo roubada, em ambos os casos sem fornecer provas, e ameaçou recorrer à Suprema Corte para impedir a contagem de votos enviados pelo correio.

A campanha de Trump tenta parar a contagem na Pensilvânia, em Wisconsin e na Geórgia, alegando fraude.

A chefe da delegação da Assembleia Parlamentar da OSCE, Kari Henriksen, defendeu “o direito de voto e de que esse voto seja contabilizado” como “um dos princípios mais fundamentais da democracia”.

Ela manifestou preocupação com as “tentativas de restringir a contagem dos votos expressos legalmente”, num contexto de pandemia e face ao aumento do voto pelo correio.

Durante toda a campanha, Trump semeou a desconfiança no voto pelo correio, mesmo sem qualquer evidência de que isso pudesse levar a uma fraude generalizada.

“Esta eleição ainda não acabou e permaneceremos aqui em Washington e nos principais estados do país até que acabe”, disse Gacek.

Fonte: DeutschWelle

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