O que acontecerá até 2018?

As manifestações vistas no último domingo em várias cidades do Brasil mostram que uma parcela da população não está satisfeita com os rumos do País, ao mesmo tempo em que mostrou o apoio de uma massa à Operação Lava-Jato e ao Ministério Público Federal e o repúdio ao Congresso Nacional e seus líderes.

A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, afirmou que a descrença estimula a “justiça com as próprias mãos”. Alguns chegam ao ponto de defender um regime autoritário, outros apoiam atos como inclusão de provas ilícitas em processos, abolir o habeas corpus ou defender o abuso de autoridade por parte de juízes e promotores.

A guerra de informação é enorme. O que a Câmara dos Deputados aprovou sobre as “10 medidas”, projeto feito pelo MPF, não inibe a Lava-Jato, mas sim, quando existir, o abuso de autoridade. Também não anistiou nenhum crime, pelo contrário, tornou crime o “caixa 2”, aumentou a pena para corrupção, que virou crime hediondo. Retirou ainda a possibilidade de utilização de prova ilícita e incluiu a possibilidade de responsabilizar juízes e promotores por abuso de autoridade.

O advogado Erick Pereira, doutor em Direito Constitucional, escreveu um artigo, que encerra dizendo que “Erram os deputados quando, oportunisticamente, intimidam o Judiciário; erram os procuradores quando ameaçam a sociedade com “renúncia coletiva”. Resta-nos manter a esperança na luta pela introdução de mudanças, ainda que praticadas por um sistema imaturo.”

Como escreveu o promotor Fuad Faraj, de Curitiba, “o título do projeto de lei vendia combate à corrupção, mas o conteúdo dava ao cidadão também opressão e violação de direitos fundamentais. […] O Projeto aprovado, e talvez deva ser essa a razão do ódio profundo que suas Excelências devotam ao parlamento integrado por deputados eleitos pelo voto popular, inclui responsabilização criminal para promotores e juízes, entre outros atos, por atos ilícitos por eles praticados, antes “punidos” apenas na seara disciplinar.”

Parte da sociedade brasileira quer o fim da corrupção. Isso é fato. Alguns, porém, desconsideram que furar fila em banco, tentar subornar policial na blitz, oferecer atestado médico falso pro trabalhador faltar ao serviço, sonegar imposto de renda e tantas outras posturas adotadas por muitos, também são atos de corrupção.

O brasileiro encontrou em junho de 2013 uma forma de mostrar aos governantes que não está satisfeito. Não resta dúvidas de que as manifestações enfraqueceram Dilma Rousseff e contribuíram para sua queda. Desde a campanha pelas Diretas Já não se via tanta gente nas ruas.

Enquanto a economia não melhorar, os nervos continuarão à flor da pele. Temos um sério problema aí, uma vez que a agenda política dos governos antecede qualquer outra. Para implantar reformas que o governo considera importante, precisa de apoio.

A instabilidade provocada por outra mudança de governo neste momento seria muito ruim para o País. A partir do próximo ano, se Temer for afastado, teríamos eleição indireta onde o presidente seria escolhido pelo Congresso. O mesmo tão criticado por tantos. Quantas manifestações o atual governo aguenta? Resiste até 2018?