O Novo Poder

Há tempos falo sobre o livro A Era do Radicalismo, de Cass Sunstein, onde ele mostra que pessoas que pensam de forma similar tendem a se tornar mais radicais. A internet horizontalizou o noticiário e a comunicação de uma maneira geral, de forma tal que uma pessoa em alguma cidade do sertão pode manter facilmente contato com alguém nos desertos do oriente médio. A língua seria o único obstáculo.

A internet distribuiu poder, pulverizou as notícias (e as fake News) e criou novas estrelas, que vão desde youtubers/instagramers até lideranças políticas que conseguiram chegar ao poder rompendo barreira e paradigmas. Não só jogadores de futebol ou apresentadores de TV se destaca. Gente como o alagoano de Penedo, Carlinhos Maia, que conta com quase doze milhões de seguidores e já foi o segundo mais visto no mundo, perdendo apenas para a americana Kim Kardashian.

Porém a internet não se resume à postagens do dia a dia, dizendo que acordou ou que está ressacado. Te muita coisa sendo influenciada pelas redes sociais. Barack Obama foi a primeira figura política a se destacar a internet como ferramenta de campanha. Depois veio Donald Trump, também nos Estados Unidos. Porém, este segundo se destacou pela influência de outro País, a Rússia, no financiamento de notícias falsas e utilização de algoritmos que ajudou a mudar a opinião de muita gente e fazendo de Trump o presidente da maior economia do mundo.

Esta semana, um candidato com pinta de galã latino e com apenas 37 anos foi eleito presidente de El Salvador, vencendo forças tradicionais. Ex-prefeito da capital San Salvador, não participou de nenhum debate e focou sua campanha nas redes sociais. Findou eleito. Na França, Emmanuel Macron também foi eleito aos 39 anos de idade, vencendo forças tradicionais, utilizando a internet como base.

No Brasil, além do presidente Bolsonaro, há outros casos interessantes ligados às eleições. Por exemplo, o youtuber Luís Miranda (DEM) foi eleito deputado federal pelo Distrito Federal mesmo não morando no Brasil há mais de quatro anos. Fez campanha somente pelas redes sociais. Na recente eleição para presidência do Senado, as redes sociais também serviram de força de pressão sobre senadores para não votarem em candidatos que o público não gosta.

Nessa onda de novo poder, vemos também pessoas criando coisas juntas com o objetivo que não é o financeiro. Movimentos colaborativos surgem por todo o mundo. Não necessariamente por dinheiro, contribuem com empresas na criação de novos produtos ou ainda se engajam em campanhas e lutas para levantar fundos para ações que visem o bem comum.

É indiscutível a força de pressão ou de colaboração proporcionada pelas redes sociais. Onde isso vai parar? Difícil de dizer, mas uma coisa é certa. A internet está cada vez mais presente em nossas vidas e não adianta dizer aos filhos que brincadeira boa era na sua infância que jogava boal na rua ou brincava com carrinhos no quintal de casa. A sociedade mudou e vai continua mudando e em uma velocidade cada vez mais surpreendente.

A propósito, o título deste artigo peguei emprestado do livro de Jeremy Heimans e Henry Timms, que escreverei a respeito em breve.