O esperado aconteceu

O esperado aconteceu. A única dúvida, que era o placar, mostrou que há no Senado Federal votos suficientes para afastar a presidente Dilma Rousseff em definitivo. Foram 55 votos pela continuidade do processo de impeachment, contra o voto de 22 senadores favoráveis ao governo do PT.

Os partidários de Dilma Rousseff repetem a mesma cantilena há meses: “é golpe!”. O problema é que há mais tempo do que essa cantilena, apita nos ouvidos dos brasileiros notícias sobre a Operação Lava-Jato, investigação sobre corrupção na Petrobrás que já mandou para a prisão vários dirigentes petistas, de outros partidos, diretores da estatal indicados por partidos políticos e os maiores construtores do Brasil.

Somado a isso, há a sensação de estelionado eleitoral, uma vez que o Governo Federal empurrou para debaixo do tapete todos os problemas da economia para tentar vencer a eleição de 2014. Venceu, mas por uma margem apertadíssima. Empurrou com a barriga problemas que não poderiam ter esperado. Resultado disso é que o País vive uma crise econômica jamais vista na história.

O restultado disso é explosivo. População extremamente insatisfeita, mais de onze milhões de desempregados, inflação passando dos dois dígitos, pela primeira vez em trinta anos há mais funcionários públicos do que de empresas privadas, fechamento de centenas de milhares de empresas só em 2015 e tantos outros problemas econômicos fizeram com que a população deixasse de apoiar o Governo. Os ganhos sociais de mais de uma década foram jogados no lixo em pouco tempo. O resultado eleitoral já fora apertado, agora a ideia de afastamento da presidente ganha apoio maciço.

Os vencedores dizem que a democracia venceu, os perdedores acusam golpe. Qualquer que fosse o resultado, ganhadores e perdedores fariam o mesmo.

Boa parte da população, segundo pesquisas de opinião, defende a realização de um novo pleito para escolha de um novo Presidente da República. A eleição seria realizada com a eleição dos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores em outubro próximo. Apesar de não haver previsão constitucional, é a ideia que mais encanta aqueles que pediram o afastamento da presidente Dilma, mas não queriam necessariamente Michel Temer no poder.

Fato é que a Constituição foi respeitada e precisa continuar sendo. O que desejamos é que o País possa sair desse atoleiro econômico e político. Que o PT aceite a decisão da maioria, referendada a todo instante pelo Supremo Tribunal Federal, suprema corte da Justiça brasileira, e exerça com responsabilidade o papel que lhe cabe agora, que é fazer oposição. Que Michel Temer possa fazer um bom trabalho e o Brasil supere mais essa crise.