Laíre Rosado – NOVO, mas nem tanto…

Nas leituras matinais de hoje, deparei-me com artigo de Dodora Guedes publicada no Novo Jornal. Em sua coluna “Plural” a jornalista escreve Sobre Professores de Deus e Falsos Novos. Comecei a ler Dodora quando ainda correspondente do Jornal do Brasil no Rio Grande do Norte, sempre abordando temas relacionados a nossa política de forma inteligente, clara, sem se deixar levar pelo lado emocional. O tema de hoje pode ser interessante para os que acompanham a política mossoroenses, ainda na fase da pré-escolha dos candidatos à sucessão do atual prefeito. E ela fala do surgimento de celebridades instantâneas fazendo muito barulho e chamando de incompetentes os que atualmente ocupam os postos que querem ocupar.

É comum a realização de pesquisa de opinião pública para avaliação dos pretensos candidatos. Uma pergunta obrigatória é a preferência do eleitor pelo novo. Sem exceção, por mais satisfeito que o eleitor esteja com seus representantes, não foge à tentação de marcar essa resposta como positiva. Votaria no novo, sim, mas sem abandonar seus candidatos naturais. É exatamente sobre o novo que a crônica de Dodora me chamou atenção: “quem não se lembra de Micarla, a jornalista que era jovem, portanto representava, segundo seus inventores, a prática do novo, e tinha sempre uma crítica pronta e uma solução mágica na ponta da língua para tudo? Triste memória”, finaliza.

Prosseguindo na leitura do Plural, nos últimos parágrafos a jornalista chama atenção para o que pode ser considerado como “novo”. Juventude e/ou beleza não têm nada com o ser novo na prática política e gerencial. E completa que também não pode ser considerado novo aquele que apenas nunca participou de uma disputa e se aventura no mundo eleitoral como a solução para todos os males. Na verdade, muitos deles não passam de aprendizes de coronéis; “muitos cheiram a mofo, pelas práticas antigas e coronelistas, ainda que exibam nas certidões de nascimento idades jovens. ” O debate tende a ficar mais interessante à medida que vai se aproximando a data limite para a definição dos candidatos.

O carnaval passou, mas não será preciso esperar pela Semana Santa. Os partidos estão se articulando em busca de nomes para 2016. É preciso acompanhar com atenção o movimento de candidatos à Câmara Municipal, iniciado há mais tempo. A formatação dos partidos pode ser indicativo do apoio que poderão ter os candidatos a prefeito. Quem é “novo” pode ser vitorioso e continuar na política até que apareça um outro “novo” para derrotá-lo. Permanecendo, é sinal da descoberta de um novo vocacionado para a política, diferente do político profissional que tem outros objetivos. Vocação política não é para todos, mas faz parte da maioria dos que participam dessa arte, tão difícil e tão complicada.