Ney Lopes : Por Trás da Notícia

Ney Lopes

Fala-se muito hoje na “teoria da conspiração” aplicada a política e a democracia.

Ela realmente existe e prevalece nos extremos políticos da direita e da esquerda.

Consiste nas pessoas acreditarem numa conspiração e por isso radicalizarem posições, deixarem de raciocinar e contribuírem, até inconscientemente, para o enfraquecimento das instituições livres.

O fenômeno é estudado, sob o ângulo da psicologia social.

Carta – No atual momento político, a divulgação de uma “carta em defesa da democracia”, já assinada por mais de 300 mil pessoas, desencadeou entre os seguidores do presidente Bolsonaro a ideia de que se tratava de uma “conspiração” contra a reeleição presidencial.

Democracia – Trata-se de exemplo típico de aplicação da “teoria da conspiração” como instrumento de mobilização eleitoral.

A “carta” não é a favor ou contra nenhum dos candidatos à presidência.

Nela está escrito a defesa de “eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para o país sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular”.

Assinatura – Que mal faria Bolsonaro concordar e assinar a carta, já que se declara um democrata?

O fato teria passado despercebido.

Afinal, o manifesto reafirma valores democráticos e seria oportunidade para ele ratificar esses valores.

Perdeu a oportunidade.

Criou um impasse para si próprio e dificultou acesso a cerca de 30% de eleitores indecisos, defensores intransigentes da democracia.

Shakespeare – O presidente não seguiu o conselho do poeta, dramaturgo e ator inglês, ao dizer: “Aprendi que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que você perdeu”.

Olho aberto

União Brasil- Inegavelmente, o senador José Agripino conduz com equilíbrio o “União Brasil”, no RN, que não é tarefa fácil.

Concilia as tendências internas e age como democrata experiente.

Um fato constrangedor foi a inesperada renúncia do presidente do partido Luciano Bívar em candidatar-se à presidência da República e a decisão de disputar a Câmara Federal em PE.

O mais estranho é a versão de que essa renúncia teria sido para  o União Brasil aliar-se a Lula, que em conversa privada com Bívar prometera apoiar-lhe para a presidência da Câmara dos Deputados, caso ganhe a eleição.

Para quem conhece a conjuntura política e as implicações de uma eleição na Câmara Federal, cujos componentes do colegiado ainda serão escolhidos, a promessa de Lula é típica de “quem vende terreno na lua” .

E agora? A previsão é que, mesmo com a adesão de Bívar a Lula, o “União Brasil” libere os diretórios estaduais.

Nessa hipótese, nada mudará no RN.

É possível até arriscar o palpite, de que a sigla liderada por José Agripino opte por apoiar Ciro Gomes, para presidente da República.

Inteligência – Atitude política inteligente foi a dos representantes de Simone Tebet e de Ciro Gomes, assinarem a Carta em favor da democracia.

Evitam a interpretação de apoio ao ex-presidente Lula.

Petrobrás – A empresa distribuiu R$ 87 bilhões de dividendos, mas R$ 32 bilhões ficam com a União. É dinheiro para pagar a PEC de ajuda aos necessitados, recém aprovada.

Social I – Incrível a insensibilidade daqueles que só enxergam governo sob o ângulo do lucro privado e esquecem o lucro social.

Social II – Os chamados benefícios tributários, financeiros e creditícios hoje equivalem a quase 4,5% do PIB.

O governo Jair Bolsonaro prometeu reduzi-los, mas não houve alteração significativa, até agora.

Evolução I – Na pós pandemia, as democracias mais avançadas do mundo adotam políticas de distribuição de renda.

Teto de gastos, inflação, déficts econômicos devem ser controlados.

Na mesma proporção, o “estômago”  dos famintos não espera.

A classe média e assalariados, que contribuem no controle social, não podem continuar a ser eternamente sacrificadas, em benefício de cifras e políticas financeiras.

Evolução II – A tendência será por a democracia em risco, com posições que favoreçam a concentração de renda e não corrijam distorções econômicas gritantes.

Os “cortes” e “sacrifícios” exigidos não podem ser “mão única”.

Inexplicável que neste ano, o Brasil deixe  de arrecadar cerca de R$ 310 bilhões com benefícios tributários concedidos a empresas e setores.

O valor equivale a quase dez vezes o Auxilio Brasil.

Evolução III – Enfrentar essa questão não é demagogia, ou populismo.

Trata-se de aplicar a justiça social.

Passou o tempo da alegação, de que o “bolo econômico precisa crescer para depois distribuir”.

Nas democracias, o bolo cresce, na proporção em que são distribuídas “fatias” (pelo menos) com quem necessita.

É possível preservar o equilíbrio fiscal com políticas desse tipo.

Quem não entenda essa realidade, contribui para que os governos sejam entregues aos irresponsáveis populistas e demagogos.

Redução – O governo do RN reduz para 15,33% a alíquota do ICMS do etanol.

A alíquota anterior era de 18%.

Cassações – Anotem!

Mesmo depois das eleições, caso sejam descobertas provas materiais da autoria do orçamento secreto (o maior escândalo da história política brasileira), poderão ser cassados mandatos de candidatos eleitos e até no exercício dos mandatos.

Precedente – O senador João Capiberibe (PSB-AP) foi cassado em 2004, no meio do seu mandato, sob acusação de que teria comprado “dois” votos a R$ 26 cada.

Imagine quem compra milhares de votos, de forma disfarçada, usando um orçamento secreto.

Religião – Lula se preocupa com o apoio de segmentos religiosos.

Geraldo Alckmin cuidará dos católicos e Benedita da Silva os evangélicos.

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