Ney Lopes: “CONSEQUÊNCIAS DAS PRÉVIAS DO PSDB”

Ney Lopes

Finalmente, o PSDB escolheu João Dória, nas tumultuadas prévias internas, para seu candidato à presidência em 2022.

Doria obteve 53,99% dos votos tucanos, derrotando o governador gaúcho Eduardo Leite, que somou 44,66% e o ex-senador Artur Virgílio, com 1,35%.

A escolha foi feita por 30 mil filiados, que participaram do processo de forma presencial ou remota.

O fato novo traz consequências inevitáveis para a corrida presidencial de 2022.

O PSDB pretende centralizar as discussões sobre a criação de uma candidatura conjunta na terceira via, que seja capaz de fazer frente às campanhas do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Não será fácil atingir esse objetivo.

O acúmulo de conflitos no partido levanta interrogações se a campanha presidencial será capaz de juntar as discordâncias do passado e superar as divisões que alimentaram essas prévias.

O discurso de Dória foi recheado de pesadas críticas sobre Bolsonaro, a quem acusou por “negligenciar a vacina” e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem endereçou a fala de que não será complacente com quem “roubou” dinheiro público.

De acordo com a última pesquisa Ipespe, tanto Doria como Leite não passam dos 2% das intenções de voto.

O PSDB é o terceiro que mais apoia as pautas do presidente no Congresso e está em vias de sofrer uma debandada de seus parlamentares em abril do próximo ano, quando 13 de seus 33 deputados federais podem deixar a legenda.

O principal motivo é que, sem um palanque presidencial de peso, os tucanos temem dificuldade para se reeleger.

Buscam, assim, legendas de partidos do Centrão, como o PL (que deve receber Bolsonaro nos próximos dias), PP ou PRB.

Outro desafio será a candidatura tucana ganhar espaço no cenário nacional.

Com a demora na definição, o PSDB acabou vendo o crescimento da pré-candidatura de Sérgio Moro.

O ex-juiz disputa no mesmo campo da chamada terceira via e aspira apoio também no eleitorado de centro, centro-direita e direita (especialmente nos desapontados com o governo Bolsonaro).

Em termos realistas e sem histerismos, a confiável pesquisa do IPESPE desta semana mostra o cenário real e atual do país: Lula (PT) com 42%; Presidente Jair Bolsonaro com 27% teve queda de 3 pontos, mas segue em segundo lugar.

Na pesquisa sobre a avaliação do governo de Jair Bolsonaro, 63% dos entrevistados disseram desaprovar a gestão, contra 31% que aprovam.

Cresce o pessimismo sobre a economia. 69% considera que segue no caminho errado

Percebe-se a olho nu a queda vertiginosa de apoio popular do presidente Bolsonaro.

Não se diga que há aprovação silenciosa à Bolsonaro, não identificada pelas pesquisas.

Os seus seguidores fanáticos não conhecem o termo “silencio”, a exemplo das campanhas diárias nas redes sociais.

O mesmo acontece com os adeptos de Lula.

As eufóricas demonstrações promovidas pelos adeptos de Bolsonaro evidenciam que ele conserva realmente o apoio da sua base “radical” (no máximo 15%) e apenas alguns moderados, segundo mostram as pesquisas.

Ninguém duvida, que as sucessivas crises e comportamentos despropositados fragilizam o presidente.

Portanto, os números da pesquisa, no mínimo se aproximam do quadro real, o que não impede mudanças ao longo da campanha..

Quem quiser tem o direito de enganar-se e negar a realidade.

Como este cenário, a “terceira via” terá que unir-se para aspirar chegar ao segundo turno.

Há certa chance, mas o “esfacelamento” de votos entre Doria, Moro, Mandetta, Ciro, Rodrigo Pacheco, Simone Tebet favorecerá a dupla Lula e Bolsonaro, no confronto final da eleição.

Por seu turno, Lula não passa de 40% de apoio.

Não será suficiente para ele ganhar.

Corre ainda ao risco de divisões, com candidatos de esquerda.

Ao elogiar ditaduras sul-americanas, afastou-se do centro democrático.

O caminho do sucesso para a terceira via seria um nome aglutinador e de credibilidade.

Mas, parece difícil.

Sobretudo, agora que João Dória quer forçar a sua candidatura.

Fala-se que o sonho do governador paulista é ter Moro como seu vice.

De acordo com as circunstâncais atualmente constatadas, o Brasil no segundo turno de 2022 estará entregue ao imponderável, quando tudo poderá acontecer.

Que Deus nos proteja!

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