Natal, Cidade do Sol: capital potiguar faz 421 anos nesta sexta-feira 25

No dia 25 de dezembro deste ano a cidade do Natal completa 421 anos de histórias. Com suas belas praias e dunas, a Cidade do Sol é mais do que as belezas naturais que a tornam um famoso destino turístico. A reportagem conversou com alguns natalenses para conhecer um pouco da história e das lembranças sobre a cidade.

O sapateiro Marinaldo Araújo, de 83 anos, é um dos mais antigos profissionais do ramo do bairro da Ribeira. Nascido em Natal, no bairro das Rocas, trabalha na Ribeira há cerca de cinco décadas. Ele conta que sempre teve desejo de aprender a profissão, e o motivo era inusitado.

“Na época não existia bermuda como existe hoje, os sapateiros compravam as calças e cortavam pra trabalhar. As bermudas deles eram meladas de cola, de tinta, eu achava aquilo tão bonito. Aí me incentivava a aprender a profissão”.

Sobre o bairro histórico onde trabalha, Marinaldo relata as diferenças de como era antigamente. “Ah, criatura, era diferente demais. Antigamente uma hora dessas aqui você não podia passar, por causa do movimento de gente, era gente pra lá e pra cá. Falam que vai voltar mas não volta, muito difícil. Aqui passava o bonde que ia pro Tirol. Tinha outro bonde que saía de Lagoa Seca pro Alecrim”, relembra.

Marinaldo se lembra ainda de quando era jovem e jogava futebol nas praias de Natal. “Eu gostava da praia pra bater uma peladazinha. Eu ia na Praia do Forte, sabe onde é? Ali era cheio de gente batendo pelada, hoje é tudo diferente”, recorda.

O fotógrafo e técnico de máquinas fotográficas João Amaro, 63, nasceu no interior, em Sítio Novo, mas se mudou para a capital potiguar muito jovem — aos 22 anos. Trabalha no Alecrim há quase 40 anos. “O Alecrim é o mais estratégico para a chegada das pessoas do interior, principalmente aqui no centro na praça Gentil Ferreira, com essa referência do relógio do Alecrim. Esse prédio aqui, o Edifício Leite, é um prédio muito antigo que já tem mais de 60 anos”, conta.

Para ele, o Alecrim melhorou com o tempo. “Com a chegada dos shoppings centers, o Alecrim não sofreu nenhuma diferença, pelo contrário, tudo o que tem aqui tem no shopping. No Natal, no carnaval, você quase não consegue andar nas calçadas porque é gente demais”. Sobre os momentos de lazer que tinha quando jovem, João diz que preferia as atividades mais culturais da época. “Gostava de ir ao Cinema Rio Grande, frequentei várias vezes. Mas também gostava da Praia do Meio. A Praia do Meio é inesquecível”, relembra.

O taxista João Ribeiro, 66, nasceu em Barra do Maxaranguape e trabalha no ramo há 38 anos. Bastante saudosista de uma Natal de antigamente, ele relembra a tranquilidade do anos da juventude, com menos violência. “Gostava de ir ao Palácio dos Esportes, era muito gostoso. A gente ia para a sede do ABC, para o Atlântico, eram coisas boas. Saía de duas horas da manhã a pé, era um tempo bom, a gente vivia feliz e não sabia”, recorda.


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Natal Já nasceu cidade
A história da cidade começa no ano de 1598, mais especificamente no dia 6 de janeiro, com a construção da Fortaleza dos Santos Reis, que hoje é conhecida como Forte dos Reis Magos. A edificação, que foi colocada de pé a pedido do rei da Espanha, Felipe II, tinha como objetivo proteger a Barra do Rio Grande (como era chamado o território potiguar) e expulsar os franceses que já desembarcavam aqui para contrabandear o pau-brasil.

Nas circunvizinhanças da Fortaleza, sobretudo onde hoje fica o começo da Ponte Newton Navarro, foi se formando um povoado que, segundo alguns historiadores, foi batizado “Vila dos Reis”. Após cerca de dois anos, no dia 25 de dezembro de 1599, a cidade teve seus limites demarcados e foi oficialmente fundada, sendo reconhecida como “Cidade do Natal”.

Os registros históricos não respondem com exatidão sobre a origem e o responsável pela fundação de Natal. Por mais que historiadores busquem reconstituir esses fatos, os estudos divergem entre si. Entre os nomes mais citados dos possíveis fundadores estão: Mascarenhas Homem, Jerônimo de Albuquerque e João Rodrigues Colaço.

Durante um longo período, Natal se resumia a poucos quilômetros de extensão. O início e o fim do território foram marcados por duas cruzes, uma onde hoje é a Praça das Mães e outra na Praça da Santa Cruz da Bica, ambas localizadas na Cidade Alta. Entre 1633 e 1654, a cidade recém-formada foi alvo de uma invasão Holandesa e chegou até a receber o nome de “Nova Amsterdã”, uma alusão à capital holandesa.

Os invasores deixaram algumas heranças que, aos poucos, foram sendo incorporadas pela cultura regional. Alguns desses costumes, segundo o Padre João Medeiros Filho, abrangem os bordados de Caicó e os queijos de coalho. Após esse período, a cidade que ainda era pequena e pouco habitada, começou a crescer gradualmente.

A partir de 1850, o algodão passou a incrementar a economia e promover um progresso local, sobretudo na região da Ribeira. Mas foi somente a partir do século XX que a capital teve um desenvolvimento mais acelerado, com investimento em infraestrutura e no planejamento da cidade – os primeiros bairros e as primeiras avenidas são datados desse período. Começa também a história da cidade na aviação, com as primeiras esquadrias aterrissando sobre o Rio Potengi.

“O primeiro impulso da economia é gerado pelo algodão. A partir da entrada desses valores, da vinda de coronéis, a cidade começa a ver o cenário mudando. Eles se preocupam em ter casas grandes e ornamentadas, em ter comércio de produtos finos, em ter espaço de cultura e lazer. Todo ‘boom’ de desenvolvimento que temos, vem sempre acompanhado da criação de algum ponto cultural, esse primeiro marcou a construção do Teatro Alberto Maranhão”, conta o historiador Alexandre Rocha.

Um outro capítulo primordial na história da capital potiguar é a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, ao lado dos Estados Unidos, em 1942. Natal passou a ter uma base americana e recebeu, além de investimentos, uma população de cerca de 10 mil soldados americanos, o que aumentou em 20% sua população. Hoje, a cidade tem um total de 890.480 habitantes, que convivem numa área de 167,401 km².

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