‘Na defesa da democracia, vamos tocar fogo na rua’, diz Ciro Gomes sobre tuíte de Carlos Bolsonaro

A BBC News Brasil, em São Paulo, publica entrevista assinada pela jornalista Ingrid Fagundez com Ciro Gomes, que concorreu contra Jair Bolsonaro e Fernando Haddad (PT) na disputa pela Presidência da República.

O ex-ministro diz não se arrepender de sair do Brasil durante o pleito, decisão que ainda o persegue nas redes sociais. Nos comentários a seus posts, é fácil encontrar um “mas você não estava em Paris?”.

Não havia razão para ficar, argumenta Gomes, que fez 12% dos votos no primeiro turno, contra 29% de Haddad. Para ele, a derrota do petista era iminente e seu apoio não faria diferença alguma, o que teria ficado claro na análise dos números. Ele afirma que também não se arrepende de não ter apoiado Haddad, mesmo dizendo que o governo de Bolsonaro é muito pior do que imaginava.

Ciro diz também que não vê Bolsonaro como uma ameaça à democracia, mas um destruidor das tradições republicanas do país. Cobra um posicionamento mais claro do presidente em relação às declarações do seu filho, Carlos Bolsonaro, a quem o ex-candidato à Presidência chama de “percevejo” e que, esta semana, foi alvo de críticas depois de publicar nas redes sociais que “a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade almejada pelas vias democráticas”.

“Estou pedindo que o Bolsonaro fale claramente sobre isso, porque esse menininho [Carlos] é um percevejo, é irrelevante”, diz. “Agora, se é isso que pensa o Bolsonaro, a gente precisa dizer com clareza para ele que a imoralidade do PT nos divide, a agenda de costumes tosca nos divide, mas na defesa da democracia nós vamos tocar fogo na rua, fique seu Bolsonaro sabendo. Ele que não avance na direção disso, porque a minha geração sabe o que custou retomar a democracia e ele se elegeu por conta de democracia”, continua Gomes, que afirma já estar em campanha para 2022.