Meteorologistas afirmam que chuvas no final do ano não têm relação com inverno de 2016

Após alguns dias de forte calor, Mossoró volta a ter dias mais amenos e com leves pancadas de chuva devido ao vórtice ciclônico de ar superior, mesma condição climática que causou chuvas no Oeste potiguar há 10 dias. O meteorologista da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), Gilmar Bistrot, ressalta, porém, que os eventos não têm relação com o período chuvoso do próximo ano.

“Essas chuvas causam uma sensação na população de que, devido à aproximação do nosso período chuvoso, que vai de fevereiro a maio, elas sejam um indicador de um bom inverno na região Nordeste no próximo ano. Entretanto, esses eventos não têm nada a ver com as chuvas do próximo ano”, afirma.

Gilmar Bistrot explica ainda que as chuvas causadas pelo vórtice ciclônico de ar superior não têm a intensidade necessária para sanar os problemas de abastecimento do Estado. Ele aponta que, geralmente, o evento costuma ter curta duração e, desta vez, deve se prolongar sobre o Rio Grande do Norte até a primeira semana de janeiro.

“O vórtice ciclônico de ar superior trouxe a zona de convergência para o Nordeste e, devido às condições de vento e à maior temperatura da água do oceano Atlântico, ainda deve gerar chuvas sobre os estados por mais uns 10 dias, pois estas condições favorecem uma maior duração deste fenômeno”, conta o meteorologista.

No Rio Grande do Norte, o vórtice ciclônico de ar superior chegou a causar chuva de granizo em municípios da região Oeste no final do ano passado. Este ano, o fenômeno renovou as esperanças de potiguares que enfrentam a seca em cidades como Apodi e Caicó.

A seca atualmente enfrentada pelo Nordeste brasileiro foi apontada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Piauí (Feapi) como a pior dos últimos 50 anos. Já em relação ao RN, a estiagem foi apontada pela Emparn como a pior dos últimos 100 anos. Este ano, 153 dos 167 municípios potiguares decretaram estado de emergência devido à falta de chuvas, sendo que 122 tiveram de ser abastecidos por carros-pipa.

Panorama para o período chuvoso de 2016 ainda é incerto

Gilmar Bistrot informa que, embora ainda não seja possível elaborar previsões para o período chuvoso 2016, as mudanças climáticas das últimas semanas podem indicar panorama menos negativo para o próximo inverno. Em outubro deste ano, a Agência Nacional de Águas (ANA) anunciou a possibilidade de seca extrema no Nordeste em 2016 por causa do El Niño, porém, o fenômeno que causa aquecimento nas águas do oceano Pacífico tem perdido a força.

“Vamos continuar acompanhando os indicadores. Ainda é cedo para traçarmos previsões sobre o inverno de 2016, pois não é possível saber se fatores como a perda de foco do El Niño e aquecimento do Atlântico Sul vão continuar e favorecer o regime de chuvas no Nordeste no próximo ano”, disse.

O Nordeste brasileiro enfrenta seca desde o ano de 2011. De acordo com o Monitor de Secas do NE do Brasil, quase toda a região apresentou volumes de chuva acumulados inferiores a 20 mm em novembro deste ano. O panorama apresentado pelo monitor é de seca moderada à seca excepcional, com quase 50% do território potiguar enquadrado nesta última categoria, de maior gravidade.

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