Memória do Holocausto deve fortalecer luta contra atuais violações de direitos, diz ONU

Em pronunciamento para lembrar o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, observado em 27 de janeiro, o alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, defendeu que a lembrança dos horrores passados deve reforçar a luta no presente contra “as atuais negações monstruosas” de direitos. Para dirigente, mundo vê nova movimentação de líderes nacionalistas que fomentam discriminação e ódio.

Em pronunciamento para lembrar o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, observado em 27 de janeiro, o alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, defendeu que a lembrança dos horrores passados deve reforçar a luta no presente contra “as atuais negações monstruosas” de direitos. Para dirigente, mundo vê nova movimentação de líderes nacionalistas que fomentam discriminação e ódio.

“Todos os anos, honramos as vítimas da Shoah — milhões de judeus, ciganos, homossexuais e opositores políticos que foram brutalmente assassinados e outros que sobreviveram. Todos os anos, menos deles permanecem entre nós, como memórias-vivas daquele tempo, e temos de redobrar nossos esforços para lembar o horror que eles viveram e a sabedoria que eles adquiriram”, afirmou Zeid.

A data celebra o aniversário da libertação em 1945 do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, o maio centro de extermínio nazista.

O alto-comissário lembrou o depoimento de uma das sobreviventes que passou pelo local, a francesa Simone Veil, falecida no último verão. Simone disse, uma vez, que “a Shoah foi única na história da humanidade, mas o veneno do racismo, do antissemitismo, a rejeição do ‘Outro’ e o ódio não estão limitados a uma era, cultura ou povo”. “Em diferentes graus e formas, eles sempre foram ameaças diárias em todos os lugares”, acrescentava a sobrevivente.

Zeid lembrou que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que completa 70 anos em 2018, foi concebida após duas Guerras Mundiais e depois do Holocausto. O marco foi impulsionado pela “necessidade urgente de prevenir para todo o sempre tamanho horror e destruição”. Ao ser adotada, líderes mundiais reconheceram que apenas a justiça, o respeito pela dignidade humana, igualdade e direitos poderiam assegurar uma paz duradoura.
“Mesmo hoje — talvez especialmente hoje — essas mensagens precisam ser absorvidas por um número crescente de líderes mundiais que veem os direitos humanos como restrições enfadonhas. Nacionalistas estão novamente fomentando discriminação, ódio e violência contra bodes expiatórios vulneráveis, buscando tirar vantagem de mensagens sobre supremacia étnica ou religiosa”, alertou Zeid.

“Por todo o mundo, muitas pessoas estão sofrendo atrocidades e (são vítimas de) campanhas em massa de assassinatos. O direito internacional de direitos humanos está sendo violado e fragilizado.”

O alto-comissário enfatizou que todos os indivíduos são merecedores de direitos. “E a promessa solene de respeitar os direitos das minorias e defender as liberdades fundamentais, feita por todos os Estados na assinatura da Declaração Universal, é o único caminho possível para o desenvolvimento sustentável e a paz”, acrescentou.
Na avaliação de Zeid, a Declaração “não é uma ideal filosófico passivo, mas um plano de ação prático que se torna cada vez mais urgente, se a humanidade quiser sobreviver e prosperar”.

Enfatizando a necessidade de “aprendermos com as lições do século XX”, o alto-comissário pediu aos cidadãos de todos os países onde ainda seja possível se expressar que defendam e apoiem os valores da Declaração.

ONU/Brasil