Médica chinesa foi repreendida por alertar sobre coronavírus em 2019

O hospital Wuhan Central, localizado na província de Hubei, na China, recebeu seu primeiro caso do novo coronavírus no dia 16 de dezembro.

Tratava-se de um homem, de 65 anos, com febre, mas sem apresentar outros sintomas da Covid-19.

Em uma entrevista no dia 18 de fevereiro, Ai Fen, responsável pela emergência do hospital, disse que os exames no paciente revelaram infecção em ambos os pulmões, mas antibióticos e medicamentos antigripais não surtiam efeito.

Passariam mais 11 dias desde o 16 de dezembro até os médicos começarem a fazer a conexão entre outros casos registrados na região.

Em 27 de dezembro, a doutora Fen recebeu um segundo paciente com sintomas semelhantes e solicitou um teste de laboratório.

No dia seguinte, ela já havia detectado sete casos de uma pneumonia misteriosa, quatro deles relacionados ao mercado de frutos do mar de Huanan, incluindo a mãe de um vendedor.

Após identificar que a situação poderia estar sendo causada por uma doença viral, a médica informou ao corpo de diretores do hospital em 29 de dezembro e notificou o escritório distrital do Ministério da Saúde da China, que confirmou ter ouvido relatos semelhantes de outros lugares em Wuhan.

Em 30 de dezembro, a doutora Ai Fen obteve os resultados dos exames mais detalhados que encomendou: tratava-se de “SARS coronavírus”, o mesmo tipo que matou 774 pessoas em todo o mundo depois de surgir na China em 2002.

No início da manhã de 1º de janeiro, outro paciente chegou ao departamento de Ai Fen. O dono de uma clínica particular localizada perto do mercado ficou gravemente doente depois de tratar vários pacientes com a Covid-19.

Temendo que seus colegas pudessem ser infectados da mesma maneira, a médica mais uma vez alertou as autoridades do hospital e ordenou que os membros do seu departamento usassem máscaras.

Na noite do primeiro dia de 2020, o departamento de disciplina do hospital convocou a médica para uma conversa.

Ai Fen foi criticada por “espalhar boatos”. Ela ainda tentou argumentar que a doença poderia ser contagiosa, mas as autoridades disseram que sua ação causou pânico e “danificou a estabilidade” de Wuhan.

A liderança do hospital também proibiu a equipe médica de discutir a doença em público ou através de textos ou imagens, informa o Wall Street Journal.

Oito dias depois, uma enfermeira em seu departamento começou a apresentar sintomas da doença e mais tarde foi confirmado que ela estava infectada pelo coronavírus.

Agora, após a expansão do coronavírus por mais de 100 países, três médicos do hospital já morreram devido à infecção.

RENOVAMÍDIA

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