Manoel Amâncio Leite – Geraldo Maia

[email protected]

Assumiu a Prefeitura de Mossoró em 8 de dezembro de 1930, permanecendo no cargo por um curto período que foi até 9 de junho de 1931. O país vivia as consequências da Revolução de 30, onde o Estado estava sendo governado por uma Junta Governativa Militar e foi essa Junta que o indicou para o cargo, em substituição ao Cônego Amâncio Ramalho.

Era mossoroense, nascido em 17 de junho de 1895 no sítio Camurupim, sendo filho do Major Delfino Leite de Oliveira e D. Joana Rebouças. Seus pais pertenciam a ramos tradicionais da família mossoroense, os Leite de Oliveira e Rebouças. Amâncio casou-se em Mossoró a 30 de julho de 1916, com D. Casarina Ferrário Leite, falecida em 17 de novembro de 1966. Deste enlace nsceram os seguintes filhos: Pierina Ferrário Leite, Glafira Ferrário Leite, Milo Ferrário Leite, César Ferrário Leite, Guido Ferrário Leite e Gasparina Ferrário Leite.

Foi comerciante, advogado provisionado, Intendente Municipal, Deputado Estadual e Prefeito Provisório de Mossoró. Atuou ainda como jornalista, sendo redator do “Correio do Povo”, desta cidade e colaborador do “O Jornal”, de Natal. “Seus artigos eram vibrantes, cortavam como o fio de navalha, queimavam como um cáustico. Mas sempre assinava o que escrevia, de peito aberto, combatendo o chamado “perrepismo”, defendendo para o Brasil uma nova ordem e, para o Rio Grande do Norte, um governo de moralização e justiça”, segundo as palavras de Walter Wanderley.

A título de informação, “Perrepismo” era o nome vulgar do Partido Republicano Paulista (PRP), fundado em 18 de abril de 1873, durante a Convenção de Itu, que foi o primeiro movimento republicano moderno no Brasil. O PRP foi extinto em 2 de dezembro de 1937, no início do Estado Novo.

Como político, defendeu os postulados da Revolução de 30, tendo sido um dos chamados 86 bravos que sufragaram os nomes de Getúlio Vargas e João Pessoa na eleição que provocou esse movimento revolucionário. Era amigo intransigente de João Café Filho, formando a linha de frente do cafeísmo mossoroense, ao lado de Raimundo Juvino, José Octávio, Hilário Silva, Thier Rocha, Abel Coelho, Tertuliano Ayres e tantos outros.

Uma das grandes dificuldades para qualquer administrador público de cidades do Nordeste daquela época era o clima: enchentes e secas causavam o mesmo problema para a administração pública municipal. O ano de 1930 foi quase seco e o de 1931 também, o que causou uma série de problemas econômicos. Mesmo assim, Amâncio conseguiu vencer as dificuldades e fez uma administração proveitosa. Concluiu e inaugurou o jardim público iniciado por Rodolfo Fernandes, aformosou ruas e equilibrou as finanças municipais. Ainda na sua curta gestão houve a restauração do Tiro de Guerra 07-010, a fundação da União dos Choferes e Mecânicos de Mossoró e a visita do Interventor Aluízio Moura, de cuja comitiva fazia parte o então tenente Ernesto Geisel, que era chefe de polícia do Rio Grande do Norte, e que viria a ser Presidente do Brasil.

Já nos últimos instantes da sua administração inaugurou a primeira feira-livre em Mossoró. O jornal “O Mossoroense” registrou o acontecimento dizendo: “Na manhã de 7 de junho de 1931 (domingo), o prefeito Amâncio Leite falou ao público, inaugurando a primeira feira-livre, neste município, perante grande multidão de mercadores, consumidores e visitantes, e com aplausos gerais desta cidade”. Conforme a mesma notícia, “tocou na ocasião a banda de música “Santa Luzia”. Podemos dizer, portanto, que foi esse o seu “Canto do Cisne”, já que dois dias depois deixava o cargo, sendo substituído pelo médico Paulo Fernandes de Oliveira Martins.

Segundo Walter Wanderley , no ataque de Lampião a Mossoró no dia 13 de junho de 1927, Amâncio Leite estava em sua trincheira, defendendo sua terra de arma na mão, num ato de coragem e de amor a sua cidade.

Em 1969 foi para o Rio de Janeiro em busca de um melhor tratamento médico, pois tivera uma embolia que lhe tirara parte da fala e dos movimentos. Passou por lá cerca de um Mês e já se achando melhor, voltou a Mossoró de sua infância, de suas lutas, a terra sempre querida. Mas a melhora era apena aparente, tanto assim que veio a falecer no dia 15 de setembro de 1969, aos 74 anos de idade. Walter Wanderley lamentou sua morte em um artigo que depois passou para as páginas de um de seus livros:

“- Emudecera, com ele, uma das vozes políticas da velha cidade, acabara-se o político ardoroso e bravo, o homem de coração sensível, o amigo leal, o advogado provisionado que defendera, de graça, tanta gente humilde. “

A municipalidade o homenageou emprestando o seu nome a uma rua que fica localizada no Bairro Boa Vista.

 

Para conhecer mais sobre a História de Mossoró visite o “blogdogemaia.com” e o canal do You Tube “Na história com Geraldo Maia”.

Deixe um comentário