Mais de um terço dos trabalhadores do país recebe até um salário mínimo, diz IBGE
Mais de um terço dos trabalhadores do país recebe até um salário mínimo, diz IBGE
Dados preliminares do Censo 2022, divulgados nesta quinta-feira, mostram que os maiores rendimentos estão entre homens, pessoas brancas e amarelas e moradores da região Centro-Sul.
Por André Catto, g1 — São Paulo
09/10/2025 10h01 Atualizado há 45 minutos
Censo: Maiores rendimentos estão entre homens, pessoas brancas e amarelas e moradores da região Centro-Sul.
Censo: Maiores rendimentos estão entre homens, pessoas brancas e amarelas e moradores da região Centro-Sul.
Mais de um terço (35,3%) dos trabalhadores no Brasil recebe até um salário mínimo, apontam dados preliminares do Censo Demográfico de 2022, divulgados nesta quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Enquanto isso, a renda se concentra em uma parcela bem menor da população. Apenas 7,6% das pessoas ocupadas têm rendimentos superiores a cinco salários mínimos — o equivalente a R$ 6.060 em 2022.
Os dois percentuais caíram em relação ao Censo de 2010. Naquele ano, 36,4% das pessoas ocupadas recebiam até um salário mínimo por mês, enquanto os rendimentos superiores a cinco salários mínimos estavam concentrados em 9,6% da população.
Quando analisadas diferenças de gênero, cor, raça ou região do país, os números de 2022 reforçam que os maiores rendimentos se concentram entre homens, pessoas brancas e amarelas e moradores da região Centro-Sul. (leia mais abaixo)
🔎 Os dados do Censo do IBGE consideram uma pesquisa sobre rendimento do trabalho realizada entre 25 e 31 de julho de 2022. Naquele ano, o salário mínimo era de R$ 1.212. Foram consideradas ocupadas as pessoas de 14 anos ou mais que, no período, trabalharam ao menos uma hora ou estavam temporariamente afastadas de uma atividade remunerada.
A faixa de renda mais comum entre os trabalhadores do país é a de mais de um salário mínimo até dois salários (R$ 1.212,01 e R$ 2.424), que abrange 32,7% da população ocupada.
Ainda segundo os dados do Censo, a menor parcela corresponde aos trabalhadores com renda superior a 20 salários mínimos (R$ 24.240 ou mais), representando apenas 0,7% do total. Veja no gráfico abaixo.
Diferenças regionais
A diferença nos rendimentos do trabalho é expressiva entre as regiões do país — refletindo, em parte, a distribuição das atividades econômicas pelo território nacional.
O rendimento nominal médio mensal de todos os trabalhos é de R$ 2.851, aponta o Censo de 2022. Nas regiões Norte (R$ 2.238) e Nordeste (R$ 2.015), as pessoas ocupadas recebem, respectivamente, 78,5% e 70,7% desse valor.
Por outro lado, a região Centro-Oeste supera em 16,7% a média nacional e registra o maior rendimento do país, com R$ 3.292. Logo depois aparecem as regiões Sudeste (R$ 3.154) e Sul (R$ 3.190), com resultados próximos entre si e também acima da média nacional.
O levantamento por unidades da federação revela que 18 estados apresentam rendimento nominal médio mensal abaixo da média nacional de R$ 2.851.
Esse dado reforça as desigualdades regionais na remuneração do trabalho. As menores médias foram registradas no Maranhão (R$ 1.855), Piauí (R$ 1.905) e Bahia (R$ 1.944), todos localizados na Região Nordeste.
Em contraste, os maiores rendimentos foram observados no Distrito Federal (R$ 4.715), São Paulo (R$ 3.460) e Santa Catarina (R$ 3.391), mostrando uma concentração de atividades econômicas mais bem remuneradas em determinadas áreas do país.
Sexo, cor ou raça
A análise dos dados por sexo e cor ou raça mostra as desigualdades estruturais no mercado de trabalho brasileiro.
Em 2022, homens tiveram rendimento médio mensal de R$ 3.115, valor 24,3% superior ao das mulheres, que receberam R$ 2.506. Os rendimentos deles são superiores aos delas em qualquer nível de escolaridade, mostra o Censo.
O recorte por cor ou raça também revela disparidades: pessoas amarelas (R$ 5.942) e brancas (R$ 3.659) têm rendimentos acima da média nacional (R$ 2.851), enquanto pardos (R$ 2.186) e pretos (R$ 2.061) ficam abaixo.
Os indígenas registram o menor rendimento médio, com R$ 1.683.
Índice de Gini
O Brasil registrou um Índice de Gini de 0,542 em 2022, segundo os dados preliminares do Censo. O indicador é usado internacionalmente para medir a desigualdade na distribuição de renda.
🔎 O Índice de Gini varia de 0 a 1: quanto mais próximo de 0, maior a igualdade. Quanto mais perto de 1, maior a concentração de renda em poucas mãos.
Os dados mostram que as regiões Norte (0,545) e Nordeste (0,541) tiveram os maiores índices, justamente onde os rendimentos médios domiciliares per capita são os mais baixos do país.
Já a Região Sul apresentou o menor índice (0,476), indicando uma distribuição de renda mais equilibrada. Sudeste (0,530) e Centro-Oeste (0,531) ficaram em posição intermediária.
Índice de Gini mostra desigualdade na distribuição de renda no Brasil — Foto: Arte/g1
Nível de ocupação
Os dados preliminares do Censo 2022 também mostram que o nível de ocupação entre pessoas com 14 anos ou mais é de 53,5% no Brasil. O número representa uma queda em comparação ao observado no Censo de 2010, quando o nível de ocupação estava em 55,5%
As Regiões Sul (60,3%), Centro-Oeste (59,7%) e Sudeste (56%) apresentaram os maiores índices, enquanto o Nordeste (45,6%) e o Norte (48,4%) registraram os menores.
Nível de ocupação no Brasil por região, segundo dados do Censo 2022 — Foto: Arte/g1
Em relação às unidades da federação, Santa Catarina (63,5%), Distrito Federal (60,4%), Mato Grosso e Paraná (60,3%) foram as quatro que registraram os níveis mais elevados, superando a marca de 60%.
Enquanto isso, Piauí (43%), Paraíba (43,5%) e Maranhão (43,6%) apresentaram os menores percentuais.