Luta de classes no Brasil de hoje: quem ganha, quem perde e por quê entender isso importa

 

No Brasil de 2025, a luta de classes não é só um conceito dos livros de história ou dos discursos de esquerda — é uma realidade viva, cotidiana, que se reflete no preço dos alimentos, no valor do aluguel, na falta de médicos no posto de saúde, e até nas propostas que aparecem nas campanhas eleitorais. Entender isso é fundamental para não cair nas narrativas que culpam os pobres por serem pobres e blindam os ricos de qualquer responsabilidade.

Quem são os grupos em disputa hoje?

De um lado estão os trabalhadores — a maioria da população. Gente que acorda cedo, pega ônibus lotado, enfrenta filas no SUS, trabalha por um salário mínimo ou nem isso, muitas vezes sem carteira assinada. São as empregadas domésticas, os motoboys, os professores da rede pública, as mães solo, os agricultores familiares, os jovens periféricos que lutam para estudar e sobreviver.

Do outro lado estão os super-ricos e os grandes empresários, muitos deles representados por bancos, fundos de investimento, donos de conglomerados da mídia, do agronegócio e do setor industrial. São grupos que têm acesso direto ao poder — elegem políticos, patrocinam campanhas, pressionam o Congresso, lucram com isenções fiscais e defendem um Estado “mínimo” — mínimo só para os pobres, claro.

A desigualdade é escolha política

Enquanto o povo paga impostos em tudo que consome, os mais ricos seguem isentos de impostos sobre lucros e dividendos. Enquanto milhões dependem do SUS para viver, empresários da saúde lucram com planos privados e clínicas exclusivas. Enquanto programas sociais são cortados com a desculpa de “responsabilidade fiscal”, bilhões são liberados em emendas secretas para manter acordos políticos.

Isso não é acidente. É luta de classes — a disputa entre quem quer concentrar riqueza e poder, e quem quer viver com dignidade.

Programas sociais não são esmola. São resistência.

Programas como o Bolsa Família, o Auxílio Gás, o Minha Casa Minha Vida, e as cotas raciais e sociais nas universidades são instrumentos que amenizam os efeitos de séculos de exclusão. Eles não resolvem tudo, mas são fundamentais para reduzir desigualdades e abrir caminhos.

E é exatamente por isso que tantos setores da elite os atacam. Porque programas sociais representam uma redistribuição mínima de poder e renda — e quem sempre teve tudo teme qualquer sinal de justiça.

Entender a luta de classes muda nosso jeito de ver o mundo

Quando a gente entende que a desigualdade é construída e mantida por decisões políticas, começamos a fazer outras perguntas:
– Por que a mídia trata evasão de impostos por milionários como “planejamento tributário” e a fila do Bolsa Família como “vagabundagem”?
– Por que tantos políticos trabalham contra impostos para os ricos e contra reajustes para os pobres?
– Por que a periferia é a primeira a sofrer com cortes no orçamento?

A resposta está na consciência de classe. Quem tem, luta. Quem não tem, é manipulado.

Concluimos que o que está em jogo?

O Brasil vive um momento decisivo. Ou avançamos em políticas públicas que garantam direitos a quem sempre teve pouco — educação, saúde, moradia, comida na mesa — ou vamos continuar presos a um sistema que beneficia poucos e condena milhões à pobreza.

Saber o que é luta de classes é, acima de tudo, não se deixar enganar. É entender que justiça social não é “inveja do rico” — é direito de todos. E que programas sociais não são favor: são ferramenta de reparação.

Porque no fim das contas, só existe democracia real quando o povo tem o que comer, onde morar e como viver com dignidade.

 

Por Joyce Moura

@joycemourarealize

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