Luiz Gonzaga Bertelli* – Vocação filantrópica
Profundo amor à humanidade, desprendimento e generosidade são alguns dos sinônimos encontrados nos dicionários de língua portuguesa para o verbete filantropia. Poderíamos acrescentar mais alguns, como assistência, acolhimento e caridade.
Em resumo, são atividades que buscam valorizar, acima de tudo, o ser humano. Essas ações sociais norteiam o CIEE desde sua fundação, há 52 anos, quando um grupo de empresários, educadores e profissionais liberais criaram uma entidade filantrópica de assistência social para facilitar a inserção dos jovens no mercado de trabalho.
As atividades do CIEE cresceram. Assim como as demandas sociais, principalmente em áreas de vulnerabilidade social, onde os jovens encontram poucas oportunidades para se inserir no mercado de trabalho.
Foi por enxergar essas dificuldades que o CIEE infiltra suas raízes nas periferias das grandes cidades com programas que visam trazer cidadania, com protagonismo e autonomia, à população mais carente.
Um desses trabalhos relevantes são os cursinhos pré-vestibulares que mantém na zona leste de São Paulo, em parceria com comunidades locais. O programa já facilitou a entrada de centenas de jovens em universidades concorridas.
O CIEE também leva seus serviços à periferia com postos-volantes montados e nos Centros de Educação Unificados (CEUs), da prefeitura de São Paulo, ou em áreas de grupos sociais que atuam nessas localidades, como a Fundação Cafu, no extremo sul da cidade.
Essas ações possibilitam que os jovens de áreas de vulnerabilidade social façam seu cadastro e sejam encaminhados para oportunidades de estágio e aprendizagem oferecidas por empresas, entidades e órgãos públicos parceiros.
Os postos-volantes também levam serviços de orientação profissional e jurídica para os jovens e suas famílias, valorizando assim o acesso à cidadania.
Recentemente o CIEE fechou uma parceria com o Centro de Acolhida Especial para Mulheres Imigrantes, mantida em convênio entre a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social e a Associação Palotina, no bairro da Penha, para montar uma oficina de orientação profissional para que as refugiadas abrigadas busquem uma vaga no mercado de trabalho.
Com informações sobre como se portar em uma entrevista para emprego, como fazer um currículo, o que é uma dinâmica de grupo, entre outras orientações, elas mostram mais otimismo de buscar uma nova vida no país que as acolheram, geralmente vítimas de violência política ou mesmo familiar.
A rede de filantropia, mantida pelo CIEE, que auxilia entidades e o poder público no atendimento a segmentos vulneráveis, chega hoje a 17 organizações filantrópicas, entre elas a Santa Casa de Misericórdia, Fundação Dorina Nowill para cegos e o Instituto Tecnológico Diocesano. É um trabalho que desperta a verdadeira vocação do CIEE, de acolhimento, assistência e valorização do ser humano.
*Luiz Gonzaga Bertelli é presidente do Conselho de Administração do CIEE, do Conselho Diretor do CIEE Nacional e da Academia Paulista de História (APH).