Laíre Rosado: No futuro, médicos também poderão trabalhar com Uber

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Lembro da crise econômica dos anos 70. Houve desregulamentação do sistema monetário internacional e o aumento mundial do preço do petróleo, com reflexos até mesmo no ritmo de crescimento dos países industrializados, atingiu a economia nacional.

Nessa época estava estagiando no Hospital Distrital de Brasília e costumava ler os jornais antes de sair para o trabalho. Fui surpreendido com a informação de que, em São Paulo diversos advogados estavam inscritos num concurso para motorista do caminhão de coleta do lixo.

Agora, leio um artigo assinado por Dr. Bruno Rossini, médico fundador da Clínica OTOVITA, onde fala de experiência vivida quando viajava em um Uber. O motorista revelou que era cirurgião dentista, trabalhando em estética facial e aplicação de toxina botulínica. Antes, Rossini havia encontrado outros profissionais liberais de carreiras consideradas clássicas pilotando para terceiros, como advogados, engenheiros e administradores.

Como médico, Rossini prevê que a mesma situação do dentista-motorista venha a acontecer com os médicos. Hoje, o Brasil é o país como maior número de faculdades de medicina do mundo, com cerca de 310 escolas. Até o ano 2030 teremos cerca de 700.000 médicos formados no país. Hoje, somos por volta de 400.000, muitos já endividados da graduação por terem utilizado o sistema FIES.

Pode parecer estranho pensar que, em breve, poderemos ter colegas dirigindo Uber. Mas, fatalmente isso acontecerá. Aliás, há anos que outros profissionais vêm trabalhando como taxistas, durante à noite e nos finais de semana. A chegada do Uber facilitou essa migração. Contudo, obedecendo as leis do mercado, sempre existirão profissionais de sucesso.